Muitos órgãos públicos já entenderam da importância e da relevância que o esporte pode ter para desenvolver uma região, uma comunidade, movimentar financeiramente um local entre outros fatores que só o esporte agrega. Inclusive comentei sobre esse tema há algum tempo atrás usando os Jogos da Aventura e Natureza realizados no estado do Paraná. Para mostrar que também é possível fazer essa união de órgão público até com o esporte de rendimento, hoje o texto é do Thiago Hoffmann Saldanha Estefano, profissional de Educação Física, especialista em Gestão em Marketing Esportivo, e com experiência de 10 anos atuando principalmente na área de marketing e gestão esportiva, empreendedorismo e gestão pública esportiva. Ele esteve envolvido com o projeto do Vôlei Taubaté Funvic de 2014 até meados de 2021, quando o projeto encerrou suas atividades na cidade do Vale do Paraíba do estado de São Paulo e foi transferido para a cidade de Natal no Rio Grande do Norte (RN) depois do rompimento da parceria entre a Funvic e a Prefeitura de Taubaté. O projeto - Relato de Thiago Hoffmann Saldanha Estefano O projeto Vôlei Taubaté Funvic foi um grande destaque nos últimos 8 anos (2013-2021) no cenário esportivo, principalmente para aqueles que acompanham de perto a modalidade. Durante o período que o projeto esteve presente na cidade de Taubaté/SP conquistou ótimos resultados em quadra, como os títulos da Superliga A (2018/2019 e 2020/2021), Copa Brasil (2015 e 2017), Supercopa (2019 e 2020), Troféu Super Vôlei (2020), Campeonato Paulista (2014, 2015, 2016, 2017, 2018 e 2019) e Copa São Paulo (2015), totalizando 14 títulos em 8 anos de projeto. Porém, através de um modelo de política pública, mostrou que investir no esporte não se resume somente em títulos, mas também através do desenvolvimento de projetos sociais e infraestrutura, onde se entende por política pública um conjunto de ações estipuladas pelo governo que atinge e traz benefícios para a população. Contudo, cabe ressaltar que há divergências políticas acerca do investimento realizado pelo Poder Público no projeto de uma equipe de alto rendimento. Se, por um lado, há discursos fortemente amparados na perspectiva que as equipes de alto rendimento trazem um grande retorno de visibilidade e reconhecimento positivo do nome da cidade e são capazes de criar oportunidades de entretenimento nos tempos livres, retorno para o comércio local, turismo para a cidade, investimento nas categorias de base e formação de atletas, otimização dos espaços físicos e promoção de projetos sociais, que por consequência, esses promovem a integração social, a promoção da saúde e a possibilidade da construção de um futuro melhor para os usuários. Em antagonismo, existe a crítica quanto ao investimento público em equipes de alto rendimento, visto que o Art. 214 da Constituição Federal de 1988 Lei Orgânica do município de Taubaté e a Lei n. 9.615/1998, conhecida como “Lei Pelé”, diz que o investimento no esporte educacional deve ser priorizado pela gestão pública. Embora se possam tecer críticas a este tipo de investimento, é inegável que o mesmo cumpriu um importante papel social perante os demais setores da sociedade e principalmente, o poder público as outras manifestações esportivas não foram prejudicadas, ao contrário, assim como o rendimento, houve um aumento no investimento do esporte educacional e de participação. O objetivo deste texto é detalhar a inserção de uma grande equipe da modalidade de voleibol na cidade de Taubaté, localizada no Vale do Paraíba do estado de São Paulo, e como este projeto influenciou a política pública esportiva do município e deixou legados positivos para o esporte da cidade. Para tanto, o método usado neste texto, teve como base o relato de um profissional que esteve presente em boa parte da história vencedora do time de voleibol da cidade de Taubaté e que prestou os seus serviços de 2014 a 2021 na área de marketing e comunicação, sem função executiva ou de diretoria responsável pelas principais tomadas de decisão. O projeto Vôlei Taubaté Funvic na visão da Política Pública do município de Taubaté O projeto Vôlei Taubaté Funvic sempre esteve intimamente ligado aos interesses do poder público, visto que o esporte sempre teve um papel de destaque no plano de governo do último prefeito de Taubaté (2013-2020), José Bernardo Monteiro Ortiz Júnior. Em razão disso, junto com a sua equipe técnica formada por profissionais de educação física, doutores, mestres e especialistas cada um em sua área de atuação na Secretaria de Esportes e Lazer, definiu 3 (três) modalidades âncoras que levariam o nome da cidade de Taubaté, e entre elas estava a modalidade de voleibol, reforçando assim a missão da Secretaria de Esportes e Lazer durante o período da gestão 2013 a 2020 que era de “fomentar ações por meio da prática de atividade física, esportiva e de lazer junto à comunidade, com a finalidade de democratizar o acesso e ampliar a cultura corporal do movimento, nos âmbitos educacional, competitivo e de participação" e da sua visão que era de “ser referência nacional como excelência em gestão pública esportiva municipal, inserindo Taubaté na condição de protagonista” Para que isso fosse possível, houve um aumento do investimento público municipal no esporte durante o período da última gestão. Este aprovado em assembleia na câmara dos vereadores, assim como todos os outros recursos aplicados no município através da LOA (Lei Orçamentária Anual). No caso do esporte de alto rendimento, foi criado em 2012 o Fundo de Assistência ao Desporto Amador de Taubaté (FADAT), onde são destinados valores em formato de bolsa-auxílio para os profissionais ligados aos projetos aprovados pelo Conselho Diretor do FADAT. As entidades da cidade que se enquadram no regulamento do edital de chamamento público podem se inscrever para tentar pleitear o apoio por meio de recursos financeiros, físicos e de logística junto ao FADAT. Falando especificamente do projeto do Vôlei Taubaté Funvic, a entidade proponente que pleiteou a verba do FADAT foi a Fundação Universitária Vida Cristã (Funvic) a qual era a responsável em fazer a gestão do projeto sob a supervisão dos gestores da Secretaria de Esportes e Lazer de Taubaté, a qual recebia o apoio financeiro e estrutural da Prefeitura de Taubaté, e como contrapartida manteve a parceria com mais de 50 empresas durante a sua trajetória de 8 anos na cidade do Vale do Paraíba, as quais apoiaram o time por meio de patrocínio direto, verba incentivada (federal e municipal) e também por meio de serviços. Muitos desses parceiros vinham por meio de contato com o antigo prefeito que fazia um approach inicial com os representantes das empresas e depois era apresentado uma proposta comercial de patrocínio esportivo visando fazer uma parceria com a equipe de voleibol da cidade. Muitas dessas empresas vinham com o interesse de manter um bom relacionamento com a cidade e passar uma boa imagem para os torcedores e moradores de Taubaté, visto que a maioria tinha alguma sede ou investimento na cidade. Foram poucas as empresas que tinham interesse realmente em explorar todas as contrapartidas contratuais que a equipe colocava como direito de acordo com as cotas fechadas. O papel do gestor de marketing e comunicação no Vôlei Taubaté Funvic Dito isso, o desafio para trabalhar no marketing da equipe teve início quando eu ainda estava trabalhando na Secretaria de Esportes e Lazer de Taubaté no cargo de gestor de esportes responsável pelo marketing e comunicação no ano de 2014. Além do trabalho com as demandas da Secretaria de Esportes e Lazer que envolviam os departamentos de eventos, esporte social, administrativo e também o da competição, eu também era o responsável por auxiliar no marketing da equipe do vôlei, visto a grandeza e a representatividade que o projeto teve para a cidade. Portanto, no vôlei, eu ficava responsável por:
Trabalhar no marketing de uma equipe a qual recebe investimento público e privado é saber discernir entre os objetivos do marketing esportivo que tem como uma das principais características o retorno financeiro e os objetivos marketing político que tem por característica o reconhecimento do governo, talvez este tenha sido o maior dos desafios, pois nem tudo que era sugerido era aprovado, muitas vezes por dificuldades de budget para o setor de marketing ou por simplesmente não estar dentro do que era esperado pelos gestores do projeto. Concluo o texto dizendo que o projeto Vôlei Taubaté Funvic deixou um grande legado positivo para a cidade de Taubaté, colocou o esporte de Taubaté no nível mais alto da prateleira, através deste investimento a cidade ficou reconhecida mundialmente, e como consequência, no guarda-chuva da equipe, por meio de um política pública esportiva estruturada, muitas outras ações foram benéficas para a cidade de Taubaté, o qual chamo de política pública invisível, que é tudo aquilo que está conectado com o time, porém não tem a mesma visibilidade da equipe de alto rendimento. Cito aqui a formação das categorias de base, criação de uma escola de atletas em período integral em sinergia com a Secretaria de Educação, projetos esportivos sociais voltado para crianças, adolescentes, adultos e idosos, entretenimento para o cidadão taubateano, retorno social para a entidades da cidade por meio das trocas de ingressos por mantimentos (em média 20 toneladas de alimentos foram arrecadados por temporada), turismo para a cidade (cerca de 20% do público vinham de outras cidades da região do Vale do Paraíba e grande São Paulo), melhorias na infraestrutura do ginásio e RH especializado para atender tanto a equipe adulta quanto às categorias de base, possibilidade de ver a equipe da sua cidade em jogos transmitidos na tv e no streaming. Pode-se dizer, portanto, que os retornos citados acima legitimam o investimento no esporte de alto rendimento, mesmo que neste caso seja idealizado pelo poder público e que seja um compromisso na agenda do líder governamental e logo não prejudique o investimento nas outras manifestações esportivas.
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Alguns dias atrás minha namorada me enviou uma mensagem perguntando sobre as medidas da rede e da quadra de beach tennis. O motivo é que próximo da casa dela tem uma quadra de areia e ela queria ver se poderíamos jogar lá. Isso me lembrou de uma conversa que eu tive com um diretor técnico da Federação Paranaense de Tênis em que ele falava que o tênis não era tão praticado no Brasil porque todos buscavam muita formalidade na prática. Ao contrário do futebol, que era possível jogar com bola de meia, chinelo no lugar dos gols, com apenas uma trave, muitas modalidades não deram esse passo de simplificar o acesso e ao longo do tempo da federação vivenciei algumas experiências que reforçaram isso.
Na faculdade tive uma aula com o esgrimista olímpico Athos Schwantes e ele apresentou um pouco do TCC dele, em que ele mostrou que com material reciclável e adaptado era possível fazer vários objetos para ensinar esgrima nas escolas com segurança. Eu acredito que as entidades esportivas deveriam pensar mais nisso, nessa simplificação do esporte para facilitar sua massificação. Aqui eu já deixo um exemplo que eu acho muito interessante, a Arena Ping-Pong criada pela Confederação Brasileira de Tênis. Ao invés de ficar gritando ao mundo que não é ping-pong o nome do esporte, a CBTM abraçou o ping-pong, o que é genial, pois é assim que todos chegam ao tênis de mesa.
Quando superarmos esse paradigma de que para praticarmos esportes precisamos seguir um monte de regras, provavelmente o esporte será mais praticado no Brasil, independente da modalidade.
Após o encerramento dos jogos olímpicos de Tóquio e paralelo aos Campeonatos Sul-Americanos que darão vaga ao campeonato mundial de seleções, estão começando os campeonatos estaduais de vôlei de clubes. São competições com número reduzidos de clubes, porém extremamente importantes para que os gestores esportivos e as comissões técnicas possam avaliar inúmeras coisas, entre elas:
Em relação ao aspecto financeiro, as equipes têm a possibilidade de realizarem o balanço final da competição e tomarem o conhecimento real de quanto lucraram com a competição e quanto poderão investir na Superliga. Em 2020 não houve público nos jogos em razão da pandemia e os lucros foram reduzidos. Acredita-se que com o retorno gradativo das torcidas nos ginásios, as equipes terão uma renda maior e uma “folga” financeira maior, além de poderem contar com a renda proveniente de seus patrocinadores. Quando as equipes possuem lojas online organizadas, podem lucrar com a venda de uniformes e outros acessórios que poderão deixar a torcida de alguma forma, sentindo-se mais próxima da equipe e ajudando a mantê-la, embora com a crise econômica que atingiu o país, este lucro também teve a possibilidade de redução. Os gastos para a inscrição da Superliga é elevado e não basta apenas fazer a inscrição e sim conseguir manter a equipe financeiramente até o final da competição. Para isso é necessário uma excelente gestão e administração financeira, controle de gastos principalmente nestes dois últimos anos em que são exigidos materiais de higienização e esterilização de tudo o que é utilizado pelos membros da equipe. Os cuidados para evitar a contaminação do vírus são realizados constantemente após cada treino e a cada jogo. Alguns campeonatos estaduais já estão acontecendo, outros em breve irão iniciar. As torcidas estão ansiosas para poderem assistir suas equipes atuando em quadra, com belas partidas, levando o carinho às jogadoras e fazer a festa nas vitórias com gritos e explosões de felicidade. Que todos possam voltar a sorrir e que as equipes possam fazer uma Superliga com excelente qualidade do primeiro ao último jogo.
No dia 8 de agosto foram encerradas as Olimpíadas de Tóquio com a melhor participação brasileira nos Jogos. O recorde de número de medalhas foi quebrado (21), o recorde de ouros igualado e o país obteve a melhor classificação da história no quadro de medalhas. Se skate e surf ajudaram bastante essa conta, o fator investimento jogou contra durante o último ciclo olímpico conforme noticiado pelo UOL. Peguei algumas informações do Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná para trazer dados sobre o esporte no Brasil para que possamos fazer uma reflexão de como o investimento acaba impactando os resultados Olímpicos. Para começar vale destacar um marco no esporte olímpico do Brasil, a Lei Agnelo-Piva. Sancionada em 16 de julho de 2001 ela prevê que: “2% da arrecadação bruta das loterias federais em operação no país, descontadas as premiações, sejam destinados em favor do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), na seguinte proporção: 85% para o COB e os 15% restantes para o CPB.” A Confederação Brasileira de Clubes (CBC) posteriormente a criação da lei também foi incluída nela. Ou seja, desde 2002 o esporte brasileiro recebe verba pública direta para acontecer. Por curiosidade se verificarmos a quantidade de medalhas no Brasil em Olimpíadas antes dessa data, teremos 66 em 19 edições dos jogos. E essa conta é muito favorecida pelos Jogos Olímpicos de 96 e 2000 que juntos contabilizam 27 medalhas. Se você é uma daquelas pessoas que dá mais valor ao ouro, precisa saber que nesse mesmo período o Brasil conquistou 12. De 2004 para cá, primeira Olimpíada com o aporte da Lei Agnelo-Piva, foram 5 edições, um total de 75 medalhas, 25 delas de ouro. O gráfico abaixo, retirado do Instagram do Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná mostra essa evolução. Se considerarmos apenas a Lei Agnelo-Piva, o valor investido no esporte pelo Governo Federal vem aumentando quase que constantemente desde 2002, com uma estagnação entre 2016 e 2018, mas voltando a crescer em 2019. Foram 3 bilhões de reais investidos ao todo. A matéria do UOL mencionada no começo desse texto, justifica esse aumento em virtude do aumento de apostas nas loterias. Esse valor aportado pelo Governo Federal é diferente para cada confederação de acordo com 12 critérios que o Comitê Olímpico Brasileiro segue (saiba mais). Podemos acrescentar a esse número os valores investidos pelo Programa Bolsa Atleta, que segundo a Secretaria Especial do Esporte, é um investimento médio anual de R$ 98,4 milhões de reais. Novamente aqui encontramos uma data comum, foi em 2005 que o programa começou a distribuir valores aos atletas. Por mais questões que ele levante se o valor é suficiente para fazer o atleta se dedicar apenas ao seu treinamento é uma forma de investimento. Abaixo o histórico de bolsistas do Programa Bolsa Atleta. Isso sem falar em valores de Lei de Incentivo Federal, de leis de incentivo ou bolsas atletas estaduais e municipais, do valor investido pelas forças armadas em atleta, do valor repassado pelo Comitê Brasileiro de Clubes. Não quero aqui debater se esses valores são suficientes ou insuficientes, mas quero trazer a reflexão de que após a Lei Piva em 2001 e o Bolsa Atleta em 2005 o número de medalhas do Brasil nos Jogos Olímpicos cresceu. Seria fruto desses investimentos ou um acaso? Qual a sua opinião?
Grande parte da minha visão de gestão esportiva foi construída na Federação Paranaense de Tênis. A entidade é auto sustentável e realiza seu trabalho através das receitas originarias de anuidades de jogadores e clubes/academias, além das inscrições em eventos. Acredito que pelo fato de existirem muitas academias de tênis, que procuram obter lucro através do esporte, eu também criei a visão de que o esporte precisa incidir mais em aspectos econômicos. Para efetivar essas ideias no Brasil, em virtude da maior parte do dinheiro que mantém o esporte ser público, é necessária muita inteligência e criatividade. E o exemplo na minha opinião é a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa. E não digo isso apenas pelas inúmeras condecorações que a entidade têm quando se fala em governança, o que já é louvável. O Rating Integra, o GET e o Sou do Esporte reconheceram o trabalho da entidade nesse quesito. Mas o que me chama atenção é a excelência de ideias e a forma que a CBTM está vendo o esporte, como algo além de competições de tênis de mesa.
Lógico que a CBTM também realiza ações muito comuns entre as entidades esportivas, como uma TV própria, leis de incentivo ao esporte e licenciamento, mas um projeto específico é muito inovador e chama muito atenção: a Arena Ping-Pong. Tive o grande prazer de conversar com o diretor esportivo, Geraldo Ricado H. Campestrini, que colaborou bastante para a produção desse texto e é ele quem começa contando o que é o projeto da Arena Ping-Pong: “A proposta é buscar uma proximidade com empresas por meio da instalação de locais de prática, acessíveis a colaboradores das próprias empresas. Uma forma de, tanto ampliarmos a prática do tênis de mesa, quanto estreitarmos relacionamentos comerciais com expectativa de ampliação de investimentos”.
O que eu mais gosto em todo esse desenvolvimento realizado pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, é o fato que eles extrapolaram o esporte como uma simples competição. Eles estão vendo sua modalidade de todas as formas possíveis de se ver o esporte: lazer, financeira, competitiva e formação. Explorando toda a abrangência que o esporte têm. É por isso, que para mim, a CBTM é o melhor modelo de gestão de confederações e federação que o Brasil têm. Você conhecia o trabalho da entidade? O que achou de todos os projetos?
Olá, já fazem algumas semanas que realizei uma live em meu Instagram, cujo tema foi Gestão Esportiva Efetiva, cujo o objetivo era fazer com que as pessoas compreendessem um pouco melhor como deve ser uma Gestão Eficiente em seu time. Tive a colaboração de grandes convidados, Renato Bragagnollo, gestor no SESI-SP, José Barros, professor da Pós Graduação em Gestão do Esporte do SENAC-SP e Denize Diniz, consultora técnica das categorias de base do Texas United Volleyball Club dos Estados Unidos, que trouxeram sua expertise de anos de experiências, cuja discussão foi tão rica que resolvi compartilhar os principais pontos aqui com vocês. Em nossa conversa os pontos que mais se destacaram foram que um gestor deve saber fazer contratos, entender como cuidar do financeiro, procurar e entender formas de gerir adequadamente, além de entender de legislação, recursos humanos e administração, dominar o conhecimento da gestão, saber fazer projetos e trabalhar com um marketing inteligente que foque em empresas divulgando suas marcas. Além disso, um bom gestor é quem sabe delegar, é necessário saber realizar um bom planejamento estratégico, entender de periodização, deve conhecer e entender os órgãos reguladores, ser um facilitador de processos, entender de logística, possuir uma boa equipe multidisciplinar a sua disposição, saber trabalhar em equipe, ter “humildade” assumindo seus erros quando ocorrerem. Ainda foram destacados os seguintes pontos: não se pode depender de verba pública, isto é, “marketing não se resume a patrocínio”, “gestor deve ser um líder”, e “deve-se conhecer seu time”, ou seja, o que cada um é capaz de fazer e onde estão as fragilidades. Foram dicas valorosas e com certeza ensinamentos que poderão ajudar muitas pessoas a se aprimorarem no meio esportivo, pois a gestão é do time, da equipe, do grupo e de si mesmo. Uma sugestão, é que vocês releiam as dicas e as pratiquem no seu dia-a-dia, pois um bom gestor pode de fato auxiliar seu time a crescer e vencer, ou pode ser o responsável pela sua decadência. Um grande abraço a todos e até a próxima!!!
O Novo Basquete Brasil (NBB) é um modelo para mim em vários aspectos: desde a estrutura de como a liga é formada, sua gestão e principalmente a comunicação e o marketing da entidade. A temporada de 2020/2021 contou com a presença de 16 equipes, que se enfrentaram em 30 jogos para definir os classificados aos playoffs. Com a parceria feita com a NBA no ano de 2014, a liga brasileira de basquete vem buscando ganhar espaço na mídia.
Adair também é fundador da Associação Viver Mais (AVM), que em parceria com o Coritiba Foot Ball Club, a Sociedade Thalia lançaram o Coritiba Monsters, que está se estruturando aos poucos e vislumbra chegar em algum momento na NBB. A tarefa entre outros quesitos esbarra na necessidade de possuir cerca de 2 milhões de reais, valor necessário para comprovar ao NBB que a equipe irá conseguir participar do campeonato todo. Por efeito de comparação, o mesmo custo para o Campeonato Adulto de Basquete da Confederação Brasileira de Basketball, é de 500 mil reais. E apenas o dinheiro não basta, a equipe antes de entrar no NBB precisa conquistar o primeiro ou segundo lugar do Campeonato Adulto de Basquete. O projeto está sendo construído por pessoas muito capacitadas e com muito pé no chão, dessa forma atualmente todos os recursos obtidos pelo Monsters são destinados a equipe de basquete, como toda a parte administrativa sendo feita de forma voluntária ou através de parcerias. Em resumo a estrutura da entidade hoje é: presidente, 2 coordenadores técnicos, consultor técnico, preparador físico, fisioterapeuta, psicólogo, médico, departamento jurídico e um departamento responsável pela captação de recursos municipais, estaduais e federais. As receitas da entidade são principalmente através do Programa Nota Paraná, da Lei de Incentivo Municipal, da Lei de Incentivo Estadual – Proesporte e da Lei de Incentivo Federal, Programa CBB Cuida, além de alguns patrocinadores principais: Hospital Novo Mundo, Cobertura Nacional e o SSW Sistemas. A parceria com a Sociedade Thalia, permite ao Monsters ter uma ótima estrutura para treinamento e conseguir participar das competições de basquete oferecidas pelo CBC. O Coritiba, mas famoso no esporte devido ao futebol, contribui com o peso da camisa, a grande quantidade de torcedores e um grande reforço na parte de comunicação do Monsters, que recentemente precisou fechar outra parceria com o Clube Duque de Caxias, para poder atender demandas de ginásio para a realização de jogos oficiais. O Coritiba Monsters é um ótimo exemplo de pessoas que querem fazer as coisas acontecerem e os dois caminhos acima dão ótimos exemplos para quem quer tirar alguma ideia do papel, onde buscar recursos, buscar parcerias para obtenção de espaços ou para suprir demandas técnicas e operacionais. E pelo ótimo exemplo acredito que é importante citar alguns dos nomes envolvidos no projeto além do Adair, o qual já mencionei que colaborou com o texto: Rolando Ferreira Júnior (ex-jogador da seleção brasileira de basquete – Diretor técnico e Padrinho do Coritiba Monsters), Francisco Peçanha, Fabio Pellanda e Irmã Adelina Bressan (Fundadora da AVM. Particularmente queria também agradecer ao Isaac Brito Junior por fazer a ponte e me oportunizar a conversa com o Adair que originou esse texto. Mesmo visando chegar no alto rendimento e profissionalismo da NBB, o Coritiba Monsters mantém a essencial de ter o esporte como uma ferramenta de inclusão, por isso em parceira com a ADFP, a entidade possui também o basquete em cadeira de rodas e logo terá alguma ação no basquete para surdos, além de apoiar um atleta do paraciclismo. Convido você conhecer mais sobre o Coritiba Monsters acessando o site: coritibamonsters.com.br e também a anotar o nome desse projeto que dentro de alguns anos pode se tornar referência no Brasil.
Durante a pandemia eu percebi alguns avanços da Educação Física aqui em Curitiba e no Paraná. Depois de muito tempo fechado e algumas lutas os profissionais da área e entidades como academias de musculação, tênis e natação passaram a ser considerados essenciais ainda em 2020 no munícipio e, no começo de 2021 o estado informou que os profissionais da área seriam vacinados no grupo prioritário, porque esses também eram considerados da área da saúde. Essas informações para mim eram claras, e talvez eram claras também para a maioria dos formados na área, mas precisou de uma pandemia para a sociedade perceber isso. Agora a UNESCO está tentado alertar isso ao mundo.
O texto segue trazendo uma abordagem preocupada em inserir bons programas de atividades físicas e esportes nas escolas, mas de uma forma que incentive as pessoas a seguirem praticando atividade física o resto de sua vida. Logicamente, que implícito no texto, está a questão de continuar oferecendo opções de atividades físicas de qualidade para os adultos, afinal não adianta ensinar as pessoas a praticarem exercícios quando crianças, se eles não têm onde praticarem quando adultos. Alguns dos benefícios dessa proposta são:
Em razão disso, a UNESCO com o apoio do Comitê Olímpico Internacional lançou durante a Global Sports Week duas publicações orientando ações nesse sentido. Farei um texto futuro falando especificamente de cada uma delas, mas para não deixar esse texto aqui muito longo vou apenas citar o nome e deixar o link, caso você tenha interesse: Making the case for inclusive quality physical education policy development: a policy brief e How to influence the development of quality physical education policy: a policy advocacy toolkit for youth . A primeira publicação argumenta a favor da inclusão de uma política de oferecer educação física de qualidade, enquanto a segunda mostra como fazer isso. A UNESCO chama através desse documento todos os atores do esporte, atividade física, educação, saúde e juventude, a participarem dessa ação e contribuírem para acelerar a recuperação do COVID-19.
Se você tem interesse por esportes em geral, provavelmente deve estar sabendo que no futebol europeu surgiu uma proposta de criar uma nova Super Liga. O resumo dessa proposta é:
Basicamente o objetivo é fazer uma liga em que estarão todos os clubes populares, evitando clubes médios e pequenos ou de países sem muita tradição, atraindo maiores quantidades de público, patrocínios, interesse da mídia e por fim, se libertar da gestão e do monopólio da UEFA (Federação de Futebol da Europa).
Até aí, a ideia da Super Liga parece ser inovadora, mas e a UEFA Champions League, que já é tão badalada como a melhor competição de clubes do mundo, como fica? A princípio o discurso é que os grandes clubes continuarão disputando a UCL também. Parece faltar lógica, devido ao excessivo número de jogos que fazem num ano, principalmente os clubes ingleses que disputam o Campeonato Inglês, a Copa da Inglaterra e a Copa da Liga Inglesa, com jogos na véspera do natal ou em dia de Ano Novo. No fundo, é uma briga política e por dinheiro. Querem retirar os poderes da UEFA sobre os clubes. É importante lembrar que atualmente boa parte destes grandes clubes são geridos por grupos de investimentos, sendo que muitos deles dos Estados Unidos. Então, para quem conhece o modelo de ligas e franquias norte-americana, fica fácil entender essa Super Liga, sem rebaixamentos dos fundadores e sem ordens da UEFA. As reações de dirigentes, clubes e treinadores No entanto, essa proposta não foi bem recebida pela comunidade do futebol europeu em geral. A recusa do Bayern, Borussia e PSG já deixou evidente que não será fácil implantar a nova competição. Além disso, a UEFA e a FIFA deixaram claro que deverão punir os clubes e atletas por esta liga “pirata”. Na prática, esta punição poderá resultar em exclusão dos clubes da Champions League e dos atletas da Copa do Mundo e da Eurocopa. Agora a briga ficou séria, afinal, qual atleta quer simplesmente abrir mão de disputar a Copa do Mundo por causa de brigas políticas de dirigentes? O dinheiro importa, mas hoje, os atletas já são muito bem pagos nesse nível que estamos falando. Você já deve ter visto atletas recusando propostas de caminhões de dinheiro da Ásia e do Oriente Médio, para permanecerem em um clube de maior visibilidade e com chances de ser convocado para a seleção nacional. Outra complicação são as reações adversas dos clubes excluídos de praticamente a Europa inteira (Ajax, Feyenoord, PSV, Porto, Benfica, Sporting, Lyon, Olympique, Roma e Lazio, só para citar alguns). Ainda existem as reações adversas das torcidas, dos ex-jogadores e treinadores. Abaixo coloquei algumas opiniões relevantes, basicamente dizendo que o futebol não precisa de toda essa ganância, que deve respeitar um pouco mais a própria história de participação dos diversos clubes e que o sistema de rebaixamentos e acessos deve ser respeitado.
Jurgen Klopp e José Mourinho, famosos treinadores do Liverpool e Tottenham respectivamente, demonstraram estarem contrariados a esta nova liga. Me parece que o Mourinho inclusive foi desligado do clube por causa dessa discordância, apesar de o clube ter publicado que o motivo foi o baixo desempenho que a equipe vem apresentando. Já Karl-Heinz Rummenigge, um dos maiores nomes do futebol alemão e representante do Bayern de Munique também se posicionou contra (veja imagem abaixo). Ainda chamo a atenção para alguns detalhes sobre tudo isto: a) Me surpreendeu a recusa do Bayern de Munique, pois o clube possui uma postura predadora no campeonato nacional como estratégia de gestão, contratando sempre os maiores talentos dos rivais, deixando-os mais enfraquecidos, como Neuer (Schalke 04), Götze, Hummels e Lewandowski (Borussia), só para citar alguns. Caso queira ler mais sobre isto, clique aqui e aqui; b) O Campeonato Espanhol não tem clubes grandes simplesmente porque Real Madrid e Barcelona recebem praticamente 50% de todos os recursos da TV, enquanto os demais se matam pelo resto. Se esta divisão fosse mais justa, como é na Inglaterra, certamente teríamos novamente La Coruña, Atlético de Madrid, Valencia, Villa Real, entre outros, com um desempenho melhor, tornando o campeonato mais disputado e imprevisível; c) Caso a Super Liga realmente tenha interesse de manter o ecossistema do futebol saudável, poderia propor algo como o mecanismo de solidariedade que foi feito na Eredivisie da Holanda, em que parte do faturamento dos clubes da primeira divisão é distribuído para ajudar a manter os clubes menores. Só que aqui voltaremos a faltar com a lógica, pois é justamente por mais dinheiro que estão montando este novo torneio... me parece que não terá uma solução solidária; d) No Brasil há uma necessidade de reestruturação do calendário, afinal os clubes grandes jogam em excesso, enquanto os clubes pequenos possuem um calendário deficitário de apenas três meses de atividade no ano inteiro. Além disso, os campeonatos estaduais realmente têm despertado pouco o interesse dos torcedores. As conclusões básicas são: clubes pequenos dependentes das federações, que com poder político conseguem obrigar os grandes a jogarem os estaduais, para não sofrerem punições da CBF. Como o futebol brasileiro é mais desunido que o Europeu, também não se entendem por aqui. Se você quiser ler maiores detalhes sobre a Super Liga, recomendo: Site oficial da Super Liga Formato, criadores e polêmicas: entenda a nova Superliga da Europa Superliga criada. Entenda por que ela é séria ameaça para UEFA e FIFA FIFA pode excluir atletas e clubes por Superliga? Especialistas explicam Caso você queira ver mais sobre os protestos e posicionamentos dos clubes e dirigentes europeus clique aqui.
Acredito que o que me faz gostar tanto de esporte são inúmeras histórias de superação que são vistas em qualquer modalidade que você procure. Além disso, ver seres humanos desafiando seus limites, obtendo recordes ou conquistando feitos que parecem improváveis, além de me inspirar, me deixa mais e mais fascinado com a capacidade que as pessoas têm. E nesse aspecto, acredito que o paradesporto é o auge. Tive maior contato durante o tempo em que trabalhei no Programa Talento Olímpico, atual Geração Olímpica, e fiquei fascinado. Nesse tempo conheci vários atletas de uma instituição chamada ADFP – Associação de Deficientes Físicos do Paraná, dos quais vários deles foram para as Paralimpíadas de 2016. Então, unindo esse meu fascínio pelo paradesporto, como a vontade que eu tenho desde que comecei a escrever textos sobre esportes de abordar o tema, procurei meu amigo Clodoaldo Zafatoski, diretor financeiro da ADFP para fazer um texto, contando um pouco sobre a entidade.
O que eu mais gosto na história da ADFP é essa união do esporte de rendimento com a utilidade esportiva para a sociedade, já que pessoas são reabilitadas de forma gratuita tendo as modalidades esportivas como uma das ferramentas que auxiliam no processo. Durante a reabilitação, alguns apresentam mais aptidão para certos esportes e com isso são levados ao alto rendimento. Se você gostou da história, quer saber mais ou mesmo colaborar recomendo entrar no site da ADFP e conhecer mais sobre essa fantástica entidade que alia um enorme serviço à sociedade com um igualmente grandioso serviço ao paradesporto: adfp.org.br
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Entidades Desportivas
Área reservada para a discussão de temas sobre gestão de clubes, federações e entidades desportivas em geral
Histórico
Abril 2023
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