Gestão Desportiva

  • Início
  • Quem Somos
  • Áreas de Gestão
    • Formação de Atletas
    • Entidades Desportivas
    • Direito Desportivo
    • Comunicação e Marketing
  • Entrevistas
  • Biblioteca
  • Contato
  • Início
  • Quem Somos
  • Áreas de Gestão
    • Formação de Atletas
    • Entidades Desportivas
    • Direito Desportivo
    • Comunicação e Marketing
  • Entrevistas
  • Biblioteca
  • Contato

A profissionalização da Seleção Brasileira de Rugby impactará no desenvolvimento da modalidade no Brasil?

28/6/2018

0 Comentários

 
Imagem
Crédito: João Pires/Fotojump
​No mês de maio de 2018 a Seleção Brasileira de Rugby “fez história” e venceu pela primeira vez o Campeonato Sul-Americano de Rugby, sendo uma vitória inédita com a seleção argentina XV um dos grandes feitos desta conquista. Há poucos anos atrás tal vitória e conquista seriam inimagináveis!

Mas o que eu gostaria de abordar neste texto não é a vitória esportiva em si e sim a consequência do planejamento, profissionalização e reestruturação da Confederação Brasileira de Rugby que foi de grande importância para tal feito ter ocorrido.

A minha dissertação de mestrado teve como um dos objetos de estudo o processo da profissionalização da gestão da CBRu. Durante as entrevistas do CEO, Sr. Agustin Danza e do então presidente Sr. Sami Arap, pude identificar que a proposta de profissionalização da gestão foi a base para a posterior profissionalização esportiva de atletas e comissão técnica, em busca de melhores resultados e popularização do Rugby no Brasil.

O caminho apresentado pela CBRu para popularizar o Rugby no Brasil foi buscar a melhora dos resultados esportivos em médio prazo e uma sonhada classificação a Copa do Mundo de Rugby 2023, que será disputada na França, aumentando assim o interesse midiático em torno rugby brasileiro, por meio de uma seleção brasileira com imagem vencedora.

Como ferramentas para a evolução esportiva foi utilizada a repatriação de alguns atletas que atuavam no exterior e teriam direito a cidadania brasileira por via familiar (mãe ou pai brasileiros), jogadores estrangeiros que viviam no Brasil há pelo menos três anos e a profissionalização de todo um grupo de jogadores para formar a seleção brasileira de rugby. Os jogadores profissionais treinam diariamente em dois núcleos, sendo o primeiro em São Paulo capital e o outro em São José dos Campos no interior paulista.

Esta fórmula de se criar seleções fixas e profissionais já foi utilizada em outras modalidades como o handebol feminino e ginástica artística e mostrou-se eficiente momentaneamente, com grandes resultados esportivos, mas que a longo prazo não se mostrou sustentável pois tais resultados não alavancaram a modalidade como um todo no Brasil, ainda mais se falando da formação de jovens atletas na base.

Apesar de estar provando de bons resultados esportivos de sua seleção brasileira nos últimos dois anos, o rugby brasileiro, a níveis de clube e formação de base, não se encontra no mesmo patamar de resultados em popularização, encontrando dificuldades para buscar novos atletas e assim desenvolver a modalidade de uma forma sustentável e duradoura.

Fica o alerta para que a CBRu não cometa os mesmos erros de outras confederações no passado e que os clubes não depositem todas suas fichas esperando que a CBRu e federações resolvam todos os seus problemas.
A opinião pessoal deste autor é que a CBRu vem fazendo um belo trabalho em prol da popularização da modalidade no Brasil, apostando suas fichas em uma seleção vencedora, trazendo assim mais apoio midiático e aporte financeiro. Cabe aos clubes buscar a melhoria de sua gestão, aproveitando o bom momento midiático, para trazer mais praticantes à modalidade, assim como novos apoiadores. O caminho não é fácil, mas há de se trabalhar muito para que seja vencedor.

Dessa forma, levanto aqui uma discussão de como os clubes devem agir para melhorar sua gestão, seu aporte financeiro e como consequência o aumento de número de associados e atletas.

Este será o tema do meu próximo texto.

​Um grande abraço e até a próxima!
Imagem
Autor: Leonardo B. Frota Sarro
Mestre em Gestão do Esporte e ex-atleta da Seleção Brasileira de Rugby
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
0 Comentários

Estreia em copa do mundo: maldição sobre os campeões?

18/6/2018

0 Comentários

 
Imagem
​Após a estreia da Alemanha na Copa de 2018, em que a atual campeã foi derrotada para o México, foi muito falado pela imprensa em geral sobre uma “maldição” que ronda o jogo inicial das equipes que defendem o título. Como “maldição” tem relação direta com superstição e fica distante do que é racional, do que tentamos buscar pela análise técnica, podemos converter isso em uma espécie de “pressão excessiva” sobre os atuais campeões, que de certa forma pode atrapalhar o desempenho esportivo esperado.
 
Abaixo apresento um rápido histórico, que demonstra quando começou a surgir essa conversa toda: 
  • Campeã de 98, a França estreou com derrota para Senegal em 2002 e não classificou para a fase seguinte;
  • Campeã de 2006, a Itália estreou com empate contra o Paraguai em 2010 e não classificou para a fase seguinte;
  • Campeã de 2010, a Espanha estreou com derrota para a Holanda em 2014 e não classificou para a fase seguinte;
  • Campeã de 2014, a Alemanha estreou com derrota para o México em 2018... e ainda veremos o restante acontecer.
 
Notaram que não foi relacionado o campeão de 2002? Foi o Brasil, que na copa seguinte, em 2006 venceu sua estreia contra a Croácia e não sofreu o mesmo problema dos demais. Então, para tornar a “maldição” mais realista, dizem que ela ocorre apenas com os países europeus.
 
Agora vamos aos fatos. A França realmente foi surpreendida por Senegal em 2002. Mais que isso, a França jogou com baixo rendimento nos jogos seguintes também. Zidane, o principal jogador estava machucado e entrou apenas na terceira partida, sem totais condições de jogo. A seleção francesa dependia muito dele e quando decidiu colocá-lo, já era tarde, foram eliminados.
 
Já no caso da Itália em 2010, a questão é diferente. O futebol italiano não teve a mesma evolução que Alemanha e Espanha tiveram nos últimos 15 anos e que as seleções da Inglaterra e Bélgica estão conseguindo agora. Parece que o futebol italiano parou no tempo, continua apenas baseado em defesa e contra-ataque. Quase nunca domina o jogo, nem a posse de bola e nem toma as iniciativas do jogo. Desta forma, ela se iguala a equipes medianas e fica muito atrás das potências atuais do futebol. Ah, mas ela foi finalista da Eurocopa 2012? Foi, aos trancos e barrancos. Venceu a Alemanha com dois golaços de Balotelli, num jogo que deu tudo certo para a Itália e nada certo para os alemães. Na final, a Itália foi dominada pela Espanha e não demonstrou nenhuma capacidade para vencer o jogo.
 
No caso da Espanha em 2014, ela enfrentou no primeiro jogo ninguém menos que a outra finalista de 2010, a Holanda. Qualquer resultado era possível. Impressionou porque a Espanha foi eliminada na primeira fase, mas também perdeu para o Chile, que só saiu da copa após perder nos pênaltis para o Brasil (com aquela bola no travessão no final do jogo). Ou seja, a primeira fase da Espanha já foi em nível de oitavas de final... ou final, no caso holandês. Aliás, na copa de 2010 que a Espanha foi campeã, também estreou com derrota contra a Suíça, nesse caso sem “maldição” nenhuma, apenas não conseguiu superar o bloco defensivo suíço.
 
Por fim, a Alemanha em 2018 perdeu para o México, da mesma forma que perdeu para a Itália na Eurocopa 2012. Dominou o jogo, criou as melhores oportunidades e a bola não entrou. O adversário conseguiu alguns contra-ataques e a bola entrou. Fim de jogo com resultado inesperado.
 
Quer outros exemplos de estreias com resultados inesperados?
  • Em 1994 a Itália perdeu para a Irlanda;
  • Em 1998, a Itália empatou com o Chile e a Espanha perdeu para a Nigéria;
  • Em 2002, Portugal (de Luis Figo, Rui Costa, Sérgio Conceição e Nuno Gomes) perdeu para os EUA;
  • Em 2006, a França empatou com a Suíça;
  • Em 2010, a Espanha perdeu para a Suíça, a Inglaterra empatou com os EUA e a Itália empatou com o Paraguai;
  • Em 2014, o Uruguai perdeu para a Costa Rica;
  • Em 2018, além da derrota alemã para o México, a Argentina empatou com a Islândia (estreante em copas) e o Brasil empatou com a Suíça.
 
Isto é, resultados inesperados acontecem muito no futebol. A pressão no jogo de estreia existe, principalmente porque espera-se muito das equipes que possuem os melhores jogadores do mundo. No entanto, é notável que mesmo entre grandes jogadores o entrosamento pode não ser o ideal no início do torneio. Afinal, eles se encontram algumas semanas antes e treinaram e jogaram pouco juntos. Depois, com o decorrer dos jogos, há uma tendência das melhores equipes dominarem os adversários e vencerem os jogos.
 
Vejo tudo isso de uma forma mais ampla. Seja lá qual for o adversário da estreia, do campeão ou não, não existem mais equipes inocentes no futebol, como era comum nas copas anteriores à década de 1990. Hoje existe um intercâmbio muito forte no futebol. Jogadores de alto nível dos principais países estão atuando em diversos continentes. Por exemplo, há brasileiros, argentinos, alemães, espanhóis, franceses, holandeses espalhados em campeonatos da China, Rússia, Ucrânia, Cazaquistão, EUA, Japão, Emirados Árabes, Qatar, entre outros. Nenhum campeonato africano? Não, mas os melhores jogadores africanos atuam no futebol europeu, principalmente na França.
 
Não existe mais país isolado ou inocente no futebol, pelo menos não entre os que chegam na copa do mundo com 32 seleções. Se os clubes não importam estrangeiros, exportam jogadores para os principais centros de futebol. As equipes inocentes que ainda existem, já são eliminadas nas eliminatórias para a copa, nas fases continentais.
 
Só para completar os fatos, em praticamente todas as copas recentes tivemos a chegada de um ou mais países inesperados nas fases finais:
  • Em 1994, Suécia e Bulgária chegaram na semifinal. Antes de 94, a Bulgária nunca havia vencido um jogo em copa;
  • Em 1998, a Croácia fazia sua estreia em copa do mundo e chegou até a semifinal;
  • Em 2002, Coréia do Sul e Turquia chegaram até a semifinal;
  • Em 2006, Portugal chegou na semifinal e a Ucrânia nas quartas de final;
  • Em 2010, Uruguai chegou na semifinal e Paraguai e Gana nas quartas de final;
  • Em 2014, Costa Rica chegou até as quartas de final.
 
E agora que a copa de 2026 terá 48 equipes? Pois é, talvez assim aumentará as chances de termos novamente alguns países mais inocentes na copa e muitos resultados inesperados. É aguardar para ver.
Imagem
Autor: Luiz Antonio Ramos Filho
Mestre em Gestão do Esporte e Especialista em Futebol (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
0 Comentários

O garoto José e sua relação com a MP 841/2018

14/6/2018

0 Comentários

 
Imagem
​Em artigo anterior, falei sobre a indicação dos “Senhores do Esporte” para nossa sociedade esportiva. Cargos públicos utilizados como moedas de troca por voto, por apoio político de determinado partido, ou mesmo para agradar uma determinada classe. E esses “Senhores” estão espalhados em diversas secretarias municipais, estaduais ou mesmo ministérios.
 
Esses personagens fazem parte de nossa história esportiva desde que o esporte passou a ocupar o interesse de nossa população, ainda no final do século XIX. Politicamente o esporte sempre foi dominado por esses “Senhores”, os quais possuíam relação dependente e direta com seus administradores, aqueles que detinham o poder. E utilizando essa vantagem política, decidiam sobre o rumo do esporte como bem entendiam.
 
Foi assim quando o Esporte foi utilizado como ferramenta para aquilo que diziam ser o “aprimoramento da raça”, foi assim quando utilizaram para aperfeiçoamento de um “corpo produtivo”, ou quando preparava para “possíveis batalhas”. Sem contar todas as ideologias que foram sustentadas por meio do esporte, lembrando uma ainda recente, quando o mesmo foi utilizado como estratégia de política externa, tentando promover ao mundo a imagem de um país emergente e de uma “economia confiável e em pleno crescimento”.
 
Mas ao longo de toda essa história política que nos cercou, foram poucas as vezes que o Esporte foi utilizado como deveria... ou seja, como Esporte! Um fenômeno capaz de promover valores, capaz de auxiliar no processo educacional e capaz de gerar sonhos!
 
Sonhos... como os do garoto “José”!
 
Durante minha graduação, tive a oportunidade de conhecer esse garoto em um projeto de extensão universitária, no qual fui responsável em dar aulas de futebol para crianças de 10 a 14 anos. E aquele garoto sempre me chamava a atenção...
 
“José” teve uma infância difícil. Não teve muito contato com o pai e as poucas vezes que isso ocorreu, provocaram experiências e lembranças extremamente negativas para o garoto, seja em seu corpo, sua mente e em seu coração. Já sua mãe, batalhadora, trabalhava o dia todo e se virava com o pouco que ganhava para tentar sustentar os filhos. E “José” era, com 12 anos, quem cuidava da casa e dos irmãos menores. Em sua rua, via diariamente vários de seus amigos sendo levados a utilizar drogas e cometer pequenos furtos. Como ele mesmo descrevia: “esse é meu mundo sor”.
 
Ou seja, o garoto, em sua curta história de vida até então, já reunia vários fatores favoráveis que o estimulavam a buscar um caminho voltado para a violência ou criminalidade. O ambiente ao seu redor, os abalos físicos e psicológicos em função de sua relação com o pai, a ausência necessária da mãe, o peso de uma responsabilidade precoce...
 
Mas era naquele campo de futebol que “José” se tornava importante. Ali ele se tornava um garoto comum, que brincava, sorria, se divertia com os amigos... e sonhava! Sim... ali ele conseguia sonhar! E seu sonho não era se tornar um jogador de futebol ou um atleta famoso e milionário. “José” sonhava com algo mais importante...
 
Naquela época, participamos de um campeonato municipal. E durante o jogo de estreia, “José” nos confessou o seu sonho: “quero fazer um gol pra poder contar pra minha mãe”. Sim... esse era o sonho dele! Ter gratidão por todo o esforço que ela fazia pelos filhos... Dedicar a ela, aquele que seria um momento especial na vida dele! Valorizar aquela que representava sua família! E então eu lembro de ter falado aos outros alunos: “Ajudem o José a realizar o sonho dele, porque tenho certeza de que ele vai ajuda-los a realizar os seus sonhos também”.

​E José naquele dia me ensinou algo a mais sobre esse tal fenômeno chamado Esporte. Que nos auxilia a sonhar, a acreditar, a respeitar e valorizar o suor de um trabalho honesto e digno. Fenômeno que pode sim, ajudar a “blindar” e “proteger” uma criança de um ambiente desfavorável que a cerca.  Fenômeno que pode auxiliar a construção de valores positivos, independente da bagagem que cada um tenha trazido consigo. 
 
Mas infelizmente, histórias como essa nunca foram contadas por esses “Senhores do Esporte”, que jamais tiveram capacidade suficiente pra compreender a dimensão e a relevância do Esporte como ferramenta de promoção de valores e de formação de cidadãos. E muitas vezes nem sequer pisaram em gramados, campos, quadras, tatames, ou mesmo passaram perto de piscinas pra entender o significado que essas instalações podem representar.
 
Infelizmente, histórias como essa, poderão não se multiplicar em larga escala nos próximos anos, devido a um ciclo de investimentos escassos que se aproxima. Investimentos que estiveram disponíveis por vários anos, mas que não serviram nem ao menos para fomentar a prática esportiva em nosso país, nem tampouco pra fazer com que crianças deixassem de pagar uma taxa de inscrição, filiação, ou troca de categoria.
 
Infelizmente, histórias como essa não foram suficientes pra fazer com que alguns gestores de confederações, clubes e entidades esportivas, tivessem a honra e a dignidade de investir, de forma transparente, os milhões de recursos que receberam do Estado durante todos esses anos.  E hoje, tais gestores, mostram o tamanho de sua hipocrisia vindo a público lamentar e criticar essa decisão do governo.
 
Infelizmente, histórias como essa talvez não sejam capazes de sensibilizar os membros do Poder Executivo e Legislativo de nosso país, aqueles que deveriam ser os representantes legítimos de uma comunidade, que deveriam lutar para que os nossos direitos fossem garantidos (tal como o artigo 217 de nossa Constituição Federal). E conseguir gerar nesses representantes um sentimento de revolta a ponto de se posicionarem de forma contrária à tal Medida Provisória.

Infelizmente, é o Esporte sendo novamente esquecido no “banco de reservas”, porque um outro jogador problemático está chamando mais a atenção nesse momento.
 
E com isso, os outros milhares de “Josés” espalhados por aí, não terão sua história pra contar dentro do Esporte. Mas quem sabe, talvez ainda sejam personagens dessa nova MP, assim que estiverem correndo de policiais em alguma pista, nadando na marginalidade ou jogando nos campos penitenciários de nosso país.
Imagem
Autor: Felipe Varotti
Doutorado em andamento e Mestre em Gestão do Esporte (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
0 Comentários

Gestão do esporte e leis de incentivo

5/6/2018

0 Comentários

 
Imagem
​Faço a minha estreia como um dos redatores do site, agradecendo ao convite do editor e parabenizando a iniciativa que busca provocar o debate sobre a gestão esportiva em nível nacional. Estaremos juntos toda primeira semana do mês.

Traremos textos diversos sobre temas que fazem parte do dia-a-dia da administração de organizações esportivas, independentemente de sua finalidade ou modalidade. A ideia é apresentar a diversidade de assuntos, em especial, em nível administrativo estratégico, demonstrando a amplitude e pluralidade do esporte.

Os recursos que sustentam uma organização estão entre as diversas pautas que norteiam a gestão esportiva. Ao tratar de recursos, podemos falar de recursos humanos, tecnológicos e financeiros, entre outros. É este último que vamos abordar.

As entidades esportivas, em sua maioria, são associações sem fins lucrativos, caracterizadas pela carência de recursos. Visando solucionar o problema dos recursos financeiros e incentivar a área, em 2006 o governo brasileiro sancionou a Lei 11.438/06, Lei de Incentivo ao Esporte, que veio para contribuir com o desenvolvimento do esporte nacional via associações esportivas.

Através da Lei de Incentivo ao Esporte, o Governo Federal permite que as empresas tributadas pelo lucro real destinem até 1% do imposto devido a projetos esportivos de rendimento, educacional e de participação. As pessoas físicas podem destinar até 6% do imposto devido (esporte.gov.br). Para que sejam beneficiadas pelos incentivos, as organizações precisam estar em dia com as obrigações civis e se enquadrarem aos pré-requisitos dos órgãos reguladores; no caso da Lei de Incentivo ao Esporte, o Governo Federal, através do Ministério do Esporte.

Segundo trabalho publicado no site incentiveprojetos.com.br, entre dezembro (2007) e dezembro (2017) o montante de recursos captados através da Lei de Incentivo ao Esporte alcançou a bilionária cifra de R$ 2.114.457.387,63, beneficiando 1.100 entidades e 3.183 projetos. Estes números demonstram a possibilidade de investir recursos no esporte por meio desta lei.

O alcance da Lei de Incentivo não se limita à esfera federal.  A sanção da lei 11.438/06 abriu precedente para a criação de novas legislações nas esferas estadual e municipal. Nestes casos, diferenciam-se pela origem dos recursos de cada autarquia. Em geral, os estados utilizam-se dos tributos de ICMS, enquanto os municípios de IPTU e ISSQN. Os órgãos reguladores, em geral, são as Secretarias de Esporte, que utilizam praticamente os mesmos critérios administrativos do Governo Federal.

As leis de incentivo ao esporte são uma realidade no cenário esportivo brasileiro, atingiram nível de maturidade, tornando-se uma alternativa possível para as organizações esportivas, que devem explorar esta fonte de recurso como estratégia.

Após uma década de aporte de recursos, em tempos de desaceleração de investimentos no esporte, cabe aos gestores buscarem alternativas para manterem as atividades esportivas em suas organizações.

Nos vemos na próxima!
Imagem
Autor: Renato Dupas Bragagnollo
Mestre em Gestão do Esporte e Especialista em Gestão Estratégica de Entidades Esportivas (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
0 Comentários

Ao Esporte... o que é (ou deveria ser) do Esporte!

4/6/2018

0 Comentários

 
Imagem
Inicio o ciclo de publicações neste veículo, trazendo um assunto que vem influenciando o destino do esporte brasileiro, desde os seus primórdios: a política! Sim... a política enquanto relação de poder, enquanto a vontade de poucos em tentar exercer efeitos sobre muitos. Ou seja, uma minoria que defende seus interesses próprios em detrimento aos interesses da grande maioria. Caso preferirem, podemos chama-la de “jogo” do poder, presente o tempo todo em qualquer instalação ou entidade onde exista algum tipo de prática esportiva. 

​“Jogo” este que faz com que dirigentes despreparados assumam cargos de liderança em entidades e organizações esportivas. E ao se tornarem gestores, utilizam tais entidades para sua autopromoção, para ostentar sua imagem na mídia, para promover benefícios a si próprios e tentar permanecer nesses cargos pelo maior tempo possível. E ao fazerem isso, se esquecem de zelar pela promoção e pelo desenvolvimento do esporte a longo prazo. Assim, treinadores não conseguem realizar o seu trabalho devido à uma imediata cobrança por resultados. Atletas muitas vezes veem os seus direitos negados e sofrem para obter recursos suficientes para uma vida profissional dedicada ao esporte. E os futuros atletas então, que não conseguem se desenvolver dentro do cenário esportivo, por serem obrigados a obter desempenho semelhante aos melhores profissionais, mesmo quando ainda são crianças. Sem contar os torcedores, que simplesmente são colocados de lado e pagam um elevado preço em tentar assistir a um espetáculo que muitas vezes não empolga.

“Jogo” que faz com que cargos executivos - nos mais variados órgãos públicos – se tornem moedas de trocas por apoio de algum partido político ou para a obtenção de determinado número de votos. E então, esses “Senhores do Esporte”, nomeados por prefeitos, governadores e presidentes, sem nunca ao menos ter se preocupado com o ambiente esportivo, se tornam nossos “representantes” e decidem o futuro de milhares de crianças, jovens e adultos. Pessoas essas que poderiam vivenciar mais políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do Esporte em suas comunidades. Que poderiam participar de mais projetos que utilizassem o Esporte como uma ferramenta para a educação de valores, para a melhoria das condições de vida ou como uma ferramenta para se tornarem cidadãos.  

“Jogo” que também prevalece em alguns veículos de comunicação e imprensa. Aqueles que deveriam levar a informação e auxiliar no desenvolvimento do Esporte, muitas vezes somente se preocupam com uma única modalidade esportiva, pois é nela que estão empenhados os maiores recursos financeiros. E assim, inúmeras Rafaelas, Arthurs, Thiagos, Felipes, Diegos, somente terão a chance de serem lembrados se conseguirem se destacar em uma edição de Jogos Olímpicos. E ainda assim, ficarão por um curto período em evidência e logo serão esquecidos novamente. E o que é ruim, poderia ser ainda pior...pois existem outras modalidades e conquistas que nem sequer alcançam esse espaço na mídia. Exemplo recente é a nossa Seleção Brasileira de Rugby XV, que obteve o inédito título de Campeã Sul-americana 6 Nações, numa campanha marcada pela vitória sobre a forte seleção argentina, pela primeira vez na história dessa modalidade. Mas conquistas como essa, que deveriam ser comemoradas por toda uma nação, infelizmente serão lembradas apenas pelos próprios atletas, seus familiares e alguns poucos apaixonados por essa modalidade esportiva.

Mas, mesmo assim, nosso Esporte ainda vive... e nele também existem pessoas e entidades que querem realmente fazer a diferença. Pessoas comprometidas com o seu desenvolvimento, que lutam para melhorar as condições de infraestrutura, que levantam a bandeira por uma melhor governança nas entidades esportivas, que se colocam à disposição de uma nova e possível geração de praticantes e atletas, sem querer algo financeiro em troca. E é por isso, que continuo a acreditar... e ser parte desse processo. Lutar por aquilo que vivenciei desde criança, que me deu muitos dos melhores momentos da minha vida, que me ensinou a jamais desistir antes que o árbitro termine esse “jogo”. Árbitro este chamado vida. Ou seja, enquanto o “jogo” estiver acontecendo, ainda haverá chances de vencê-lo.

E vencê-lo significa conseguir inserir uma única política nesse cenário... uma Política Nacional de Esporte, implantada em todas as suas esferas, em todos os ambientes, validada por todos os interessados e possíveis envolvidos. Por meio dela, conseguir oportunizar o acesso a diversas práticas esportivas, garantindo o direito de todo cidadão como assim prevê nossa Constituição Federal em seu artigo 217.

“Jogo” difícil... mas possível de ser vencido. E que por meio dele, possamos gerar ao Esporte, o que é (ou deveria ser) do Esporte!
Imagem
Autor: Felipe Varotti
Doutorado em andamento e Mestre em Gestão do Esporte (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
0 Comentários

Consequências da globalização no futebol europeu

20/5/2018

0 Comentários

 
Imagem
​O mercado do futebol encontra-se cada vez mais globalizado, com uma mistura de jogadores, treinadores e demais integrantes das comissões técnicas, com diferentes origens e cultura. Para ilustrar isso, vejamos o exemplo da Inglaterra, em que os grandes clubes são administrados por empresas estrangeiras, como o Manchester United e Arsenal, ambos por investidores dos Estados Unidos, Manchester City por investidores dos Emirados Árabes Unidos e Chelsea, por investidores da Rússia. Isso reflete diretamente na contratação de atletas e comissões técnicas do exterior.  
 
Especificamente em relação ao cargo de treinador, há uma exigência para que possam atuar no futebol europeu de qualificação em cursos da UEFA. São as certificações conhecidas como UEFA-Pro, UEFA-A e UEFA-B. Para ter acesso a estas certificações, os candidatos passam por uma rigorosa seleção de currículo e de conhecimento.
 
Como a demanda e interesse de estrangeiros em obterem estas certificações é muito grande, existe uma certa preferência pelos candidatos ingleses, criando uma forma de reserva de mercado e dificultando o acesso de estrangeiros. Só neste ano de 2018, mais de 540 candidatos tentaram acesso para as 60 vagas oferecidas pela The FA (The Football Association), a Federação da Inglaterra. Isso demonstra a alta concorrência pelos cursos de certificação.
 
A Federação da Inglaterra tem um número grande de clubes filiados, que chega a aproximadamente 5.200 clubes. Por menor que vários deles sejam, com pouco investimento e estrutura, sempre buscam profissionais qualificados, independente da origem, mas principalmente que consigam representar muito bem as comunidades locais através do esporte.
 
Por isto, para que os treinadores de futebol consigam ter sucesso na Inglaterra, alguns aspectos são fundamentais. Primeiro, é compreender e seguir a filosofia do clube. Tentar impor outra filosofia não será bem vista. Segundo, é respeitar o estilo de jogo inglês, com um jogo vertical, mais direto, com um jogo veloz e de muitos contra-ataques. Para isto, a marcação deverá ser sempre intensa, desde o primeiro até o último minuto de jogo. Este estilo aguerrido dos jogadores é adorado pelos torcedores ingleses.
 
Também é necessário enfatizar que o treinador deverá ter uma visão moderna sobre métodos de treinamento e sobre psicologia esportiva. Isto reflete diretamente no controle sobre o grupo de atletas, em que terão maior respeito pelas ideias do treinador. Além de tudo isso, é comum os clubes solicitarem um atestado criminal para checar a integridade do treinador.
 
Portanto, os treinadores estrangeiros que estiverem tentando atuar no futebol inglês, deverão ter uma excelente formação, certificados pela UEFA, além de uma excelente rede de relacionamentos para conseguir as primeiras oportunidades. Caso contrário, dificilmente conseguirão se firmar nesse concorrido mercado. Outra dica é fazer cursos de atualização sobre métodos de treinamento, sobre primeiros socorros e sobre gestão de pessoas. Assim, além de o treinador se manter bem atualizado, aumentará sua rede de relacionamentos, melhorando as perspectivas para o futuro. Feito tudo isso, a prática em campo do dia a dia irá demonstrar os melhores, que receberão novar oportunidades para progredirem na carreira.
Imagem
Autor: Josué Santos
Mestre em Psicologia da Atividade Física e Esporte, Treinador de Futebol UEFA-B.
Autor do livro: Futebol: metodologia do treinamento de goleiro - Editora CRV
​

Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br

0 Comentários

A complicada evolução do futebol feminino no Brasil

19/4/2018

0 Comentários

 
Imagem
​O futebol feminino vive altos e baixos no Brasil. A Seleção Brasileira costuma conseguir ótimos resultados nas competições internacionais como Jogos Olímpicos, Copa do Mundo e Sul-Americano. No entanto, existe uma grande disparidade em relação as competições nacionais, estrutura dos clubes e condições de trabalho no país.

Esta situação não começou agora, já vem se arrastando desde a década de 90 em que os clubes e a CBF não se entendem em como promover o futebol feminino. Estamos falando de um período de aproximadamente 30 anos de insegurança profissional e de falta de planejamento. A principal reclamação das atletas é a falta de interesse e de profissionalismo que existe por parte dos clubes e da CBF.

Para tentar impulsionar o futebol feminino, a Conmebol estabeleceu uma norma que a partir de 2019 os clubes que disputam suas competições na categoria masculina, obrigatoriamente deverão ter também equipes adultas femininas. Poucos clubes brasileiros já se adequaram a esta norma. No fim, tudo se resume na falta de dinheiro que não permite a modalidade evoluir. Assim, começamos a clarear o problema para então acharmos as melhores soluções.

Várias modalidades esportivas sobrevivem sem dinheiro no Brasil, este não é um problema exclusivo do futebol feminino. Nestes casos, geralmente são os patrocínios de empresas públicas, como a Petrobras, Correios, Caixa Econômica e Banco do Brasil que dão um fôlego para algumas modalidades. Mesmo assim, não há recursos para todos e os investimentos costumam ser inconstantes, assim como “secaram” após os Jogos Rio 2016.

Diante deste desanimador panorama, quais são as possibilidades de evolução da modalidade?

Primeiro, para um esporte ser considerado “profissional”, deverá ter dinheiro suficiente que movimente a modalidade. Isto quer dizer um círculo de interesses deverá ser fechado para dar as condições necessárias à profissionalização. Neste círculo estão basicamente três etapas:
  1. Estrutura básica para treinamentos e organização da equipe;
  2. Interesse do público;
  3. Interesse da imprensa em geral e dos patrocinadores.

A primeira parte desta equação é conseguir a estrutura básica da equipe, como local de treinamento, comissão técnica, uniformes e material esportivo. Quem paga essa conta? Para um clube sozinho, pode ficar caro. Em parcerias pode se tornar viável. Por exemplo, uma parceria de um clube de futebol com uma faculdade. Se ainda não há recursos para pagar salários, a faculdade poderá oferecer bolsas de estudos para as atletas. Pelo menos para as mais jovens será interessante, pois além de jogarem, poderão conciliar com uma formação acadêmica. A faculdade também poderá ceder um treinador (professor da faculdade de Educação Física) e estagiários para diversas áreas como preparação física, fisioterapia, psicologia, até mesmo nas áreas de gestão, marketing e assessoria de imprensa. Assim, a equipe começa a ganhar corpo. Parece pouco? Quase todos os esportes nos Estados Unidos funcionam dessa forma e lá tem mais recursos do que aqui.

A segunda parte do problema é atrair o público. Existem campeonatos amadores de futebol masculino que possuem públicos maiores do que algumas divisões profissionais. Isto é, "ser profissional" não é garantia de ter público. Clubes de futsal e de vôlei geralmente se instalam em cidades médias ou pequenas, pois assim passam a ser a grande atração da cidade e acabam conseguindo público e patrocinadores sem tantos concorrentes como nas maiores cidades. Nas grandes cidades, atrações como outras modalidades esportivas, shows, shoppings, cinemas e qualquer outra forma de entretenimento também são concorrentes.

O tempo de existência das equipes também é algo fundamental, principalmente quando consegue uma conexão com a cidade, ou seja, o público se sente representado pela equipe. Caso contrário, equipes itinerantes que mudam constantemente de sede e com pouco tempo de existência dificilmente conseguem atrair grandes públicos. Seguindo no exemplo citado acima de parceria, o clube poderá fazer uma campanha atraindo os associados e torcedores das demais modalidades já existentes e pelo outro lado, a faculdade poderá fazer campanhas atraindo seus estudantes. Assim, será um início, mas que deverá ter um trabalho de manutenção do interesse do público ao longo do ano, descrito no passo a seguir.

O terceiro passo é despertar o interesse da imprensa e dos patrocinadores. Assessoria de comunicação é fundamental para divulgar notícias e aos poucos abrir espaço nos meios mais tradicionais de comunicação. Assim, manterá sempre vivo na memória do público que a equipe existe e que ocorrerão novos jogos. Quando tudo é bem organizado, torna-se atrativo.

Já a negociação com patrocinadores também deve ser bem trabalhada. Não é pedir ajuda, como a maioria faz. É uma relação comercial. O patrocinador é um investidor que irá colocar dinheiro em troca de visibilidade de sua marca, de um relacionamento com o público da cidade e também de estar aliado a uma equipe vencedora. Estampar a marca no uniforme é um dos atrativos, mas não o único. Outros atrativos como ter um site oficial ou blog de notícias da equipe, presença nas redes sociais e ativações do patrocinador nos dias de jogos já serão consideráveis para quem quer divulgar uma marca. Tudo depende do valor investido, mas com estas poucas ações a equipe já dará um retorno ao patrocinador. O ideal é que isto tudo esteja num projeto, num documento que realmente demonstre os objetivos da equipe. Outras ações também podem ser realizadas para agregar valor ao trabalho da equipe, como um projeto social com crianças carentes, palestras de esportistas, campanhas de ações sociais, entre outros.

Até aqui falamos do desenvolvimento de uma equipe, mas e as demais? Ações isoladas não costumam surtir grande efeito. Ações integradas oferecerão melhores oportunidades e uma sinergia na direção da evolução. A modalidade só irá crescer quando várias equipes estiverem bem estruturadas e trabalhando em conjunto. Na administração existe um termo chamado "coopetição", que é utilizado para definir a relação simultânea de cooperação e competição entre empresas do mesmo ramo. Isto é exatamente como deve funcionar a relação entre equipes da mesma competição. Eles são concorrentes entre eles, quando estão disputando a competição, mas ao mesmo tempo, devem ser parceiros e cooperarem quando estão buscando a melhor organização da competição, mais recursos, atenção da mídia e do público. Nesse momento as rivalidades esportivas devem ser deixadas de lado em benefício mútuo. Poderá começar com um planejamento estratégico que visualize os próximos 5 ou 10 anos, como a criação de uma liga local, campeonatos universitários, regionais, estaduais e assim por diante.

Os líderes do futebol feminino precisam se reunir e discutir para onde querem evoluir. Se a CBF não está ajudando muito, descobrir o porquê? Qual organização o futebol feminino já demonstrou ter? Mais organizadas terão melhores argumentos para conseguirem os objetivos, mas primeiro precisam saber para onde ir. No Brasil o futebol feminino deverá evoluir aos poucos e o caminho mais fácil será aliado às universidades.
Imagem
Autor: Luiz Antonio Ramos Filho
Mestre em Gestão do Esporte e Especialista em Futebol (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
0 Comentários

Brasil é o país que mais demite treinadores de futebol

18/4/2018

0 Comentários

 
Imagem
Em comparação entre os principais países do futebol internacional, o Brasil lidera o ranking como o país em que há mais trocas de treinadores. Alguns estudos podem ser vistos aqui e aqui. Em números, os clubes brasileiros costumam trocar de treinadores em média a cada 15 jogos (aprox. 3 meses), enquanto na Espanha e Itália a cada 40 jogos (aprox. 8 meses) e na Alemanha a cada 54 jogos (aprox. 1 ano).

Geralmente argumentos simplistas são utilizados para justificar as constantes trocas de comando, como a pressão das diretorias dos clubes, da imprensa e da torcida. No entanto, isso tudo também tem nos outros países. Principalmente em clubes que investem valores gigantescos e que devem apresentar resultados. Além disso, nos outros países, como nos Europeus, a presença de atletas estrangeiros vindos de todas as partes do mundo é muito maior que no Brasil, tornando ainda mais difícil a adaptação cultural e esportiva dos jogadores e comissões técnicas.

Também se fala muito na baixa qualidade dos treinadores brasileiros. Não acredito. Se isso fosse a verdadeira razão, qual seria a lógica de frequentemente recontratar os mesmos treinadores? Se não servem num momento, porque recontratar depois? Alguns clubes até tentaram treinadores estrangeiros e foram "fritados" com a mesma velocidade que fazem com os brasileiros. Talvez os treinadores mais antigos estejam defasados, mas não pode-se dizer o mesmo dessa geração atual com Carille, Zé Ricardo, Roger, Jair Ventura, Alberto Valentim, Fernando Diniz e etc.

Então por que o Brasil é o país que mais troca de treinador?

Os clubes brasileiros sofrem um sério problema de gestão. São amadores na hora de planejar os investimentos, de contratar treinadores e jogadores, de planejar o desenvolvimento das categorias de base, de criar as metas e estimar os resultados da temporada. Muitos fazem tudo isso, porém sem critérios claros e objetivos.

Por exemplo, existem alguns clubes que possuem mais receita de tv, de patrocínios, de venda de produtos oficiais e de renda do público nos estádios. Então, obviamente, que se possuem mais recursos, é natural que a cobrança seja de sempre estarem entre os líderes do campeonato. A meta possível e realista é que estes clubes no mínimo estejam entre os quatros melhores equipes do Campeonato Brasileiro. Resultado um pouco abaixo disso, como uma 6ª ou 7ª colocação, pode ser tolerável, mas a cobrança deverá ser maior para o ano seguinte. Isto são ajustes que devem ser feitos ao longo de um trabalho.

Será que algum destes clubes mantem o treinador para o ano seguinte? Geralmente não. Ocorre a mudança de treinador, de comissão técnica, de jogadores e paga-se uma conta maior de rescisões do que de novas contratações. Assim, gasta-se mais para continuar na mesma situação do que para evoluir. 

Clubes que mantêm a mesma comissão técnica, terão muito mais qualidade para reavaliarem quais atletas deverão ser mantidos no elenco, quais deverão ser negociados, quais jovens subirão das categorias de base e principalmente quais reforços deverão ser contratados. Se o estilo do treinador não agrada, por ser muito defensivo, ou muito autoritário, ou seja lá qual for a grande crítica, certamente ele foi mal contratado por não o conhecerem antes. Isto é, o verdadeiro culpado é o gestor e não o treinador.

Cada clube deverá ter a noção exata dos recursos que possui e das metas que pode atingir. Recursos no amplo sentido da palavra, em relação a todas receitas, investimentos, qualidade do elenco, média de público e etc.. As metas devem ser estabelecidas também conhecendo a realidade dos demais participantes da mesma competição, para que assim possam ser estimadas de forma realista. O clube que possui maiores recursos deverá buscar o título ou no mínimo a classificação para a Libertadores.

Já o clube que possui menos recursos, deverá ter como meta razoável e possível de ser alcançada não ser rebaixado e quem sabe, com alguma sorte conseguir classificação para a Sul-americana. Cobrar mais do que isso do treinador é demonstrar não entender do mundo do futebol. Exemplos como o "pequeno" Leicester City FC campeão inglês ou o antigo São Caetano na final do Campeonato Brasileiro são raríssimos. Para os interessados nesse assunto sobre recursos e metas, em 2016 publicamos um estudo que aborda a eficiência produtiva dos clubes de futebol.

Por tudo isso, vejo que os clubes contratam treinadores como "motivadores a curto prazo". Se um não serviu, daqui um ou dois meses o clube tenta outro... e assim vai. Se tiver sorte, escapa do rebaixamento. Se tiver muita sorte, pode até beliscar uma Libertadores. Só que assim, de improviso por improviso, o clube apaga incêndios momentâneos e não cria uma identidade própria de jogo, de formação de jogadores. O trabalho fica sempre nivelado por baixo, sem uma sequência e cada ano parece uma montanha russa.

Por exemplo, quando determinado clube contratou tal treinador para o início de um campeonato, qual era a expectativa? Que utilizasse jovens jogadores da base ou que contratasse jogadores experientes? Que jogasse um futebol ofensivo e dominante ou um futebol de contra-ataques e muita marcação? Ou não tinham nenhuma previsão como queriam que a equipe jogasse, apenas colocaram um "motivador a curto prazo"?

Atenta a este problema, a da Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol sugeriu uma norma que restringe o número de trocas de treinadores na mesma temporada. Ainda não avançou, mas pode ser uma medida interessante, desde que não infrinja as leis brasileiras de liberdade e de atuação profissional.
Imagem
Autor: Luiz Antonio Ramos Filho
Mestre em Gestão do Esporte e Especialista em Futebol (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
0 Comentários
Seguinte>>
    Imagem
    Entidades Desportivas
    Área reservada para a discussão de temas sobre gestão de clubes, federações e entidades desportivas em geral

    Histórico

    Janeiro 2021
    Outubro 2020
    Agosto 2020
    Julho 2020
    Janeiro 2019
    Novembro 2018
    Outubro 2018
    Junho 2018
    Maio 2018
    Abril 2018

    Categorias

    Todos

GestaoDesportiva.com.br

Início
​Quem Somos
Entrevistas
Biblioteca
Contato
​
Política e ​Termos
​
Publicidade
Áreas de Gestão
Formação de Atletas
Entidades Desportivas

Direito Desportivo
​Comunicação e Marketing
Imagem
Imagem
    Digite seu e-mail para receber nossas informações
Inscrever
Redes Sociais
Nosso Público
Gestão Desportiva Facebook

Imagem
Copyright © 2018-2020 - GestaoDesportiva.com.br - Todos os Direitos Reservados