GestaoDesportiva.com.br Entrevistas Na segunda parte da entrevista com o treinador português Ricardo Monsanto, é feita uma análise sobre as duas primeiras rodadas da Copa 2018.
Existe alguma novidade na área técnico-tática? As duas principais novidades não resultaram. A Argentina e a Polônia entraram na 2ª ronda num esquema de 3 centrais em que os médios ala não defendiam sem bola como laterais, mas antes fechavam dentro, acabou por ser desastroso e ambas perderam por 3-0 os seus jogos, contra a Croácia e Colômbia respectivamente. Não acredito que repitam a receita na jornada seguinte, até tendo em conta os adversários com que vão jogar. Por isso, não tem sido taticamente que este mundial tem feito a diferença. O que se pode treinar para superar o treino tático de uma equipe? Pode-se treinar jogo, jogo e mais jogo, todo o tipo de jogos reduzidos que obriguem a jogar com condicionantes em número de jogadores e de espaço, também limite de toques e objetivo de passes, triangulações com combinações diretas ou indiretas. Para combater as táticas mais defensivas ou agressivas, também variáveis aos exercícios padronizados do ataque com movimentações ofensivas complexas executadas da forma mais simples possível. Sabe-se que a nível técnico-tático estão todos bem preparados, sendo assim o que se pode melhorar? Não concordo que estejam todos bem preparados e isso está a fazer sentir-se em alguns países onde a cultura de treino integrado e até periodização tática ainda não chegou, nos países árabes isso tem sido muito notado e vemos que Arábia Saudita, Egito, Tunísia e Marrocos não fizeram qualquer ponto nestas duas primeiras rondas. Mesmo Marrocos que até jogou bastante bem, mas também vimos as equipas da Concacaf com bastantes debilidades, como é o caso da Costa Rica ou Panamá. As equipas asiáticas continuam a crescer um bocadinho e mesmo as melhores africanas, duvido que vençam as melhores seleções europeias e sul americanas. Nestas também, as equipas que têm colocado as individualidades acima do coletivo isso se tem notado, como foi o caso da Argentina de Messi e da Polónia de Lewandowski, que acredito tentarão mudar o paradigma nesta 3a ronda da fase de grupos. Comparando com a Copa de 2014, houve introdução do VAR. Melhora a participação dos jogadores? Em quê? Não me parece que melhore a performance dos jogadores, pelo contrário, vemos muitas vezes os jogadores até demasiado preocupados em que o árbitro veja o VAR. Eu sou completamente a favor do VAR e das novas tecnologias no futebol, mas o VAR foi criado para auxiliar os árbitros e não os jogadores. Então nesse aspecto, posso dizer que o primeiro ano experimental em que foi aplicado em Portugal e noutros países da Europa funcionou relativamente bem. Incrivelmente, num campeonato do mundo, com 33 câmaras em cada jogo, vejo uma utilização muito má do VAR. Eu até compreendo que errar é humano e o árbitro erra naturalmente, agora ter numa sala fechados meia dúzia de árbitros a ver uma dúzia de repetições em outros tantos monitores e errarem ou nem chamar a atenção do árbitro quando este erra é completamente desumano. Engraçado que continuam a ser as seleções pequenas a ser as mais prejudicadas por esta nova tecnologia em beneficio claro das grandes potências do futebol mundial. Depois de analisar as decisões do VAR mais respeito os árbitros principais enquanto individualidades neste mundial. Na sua opinião o que será ideal para criar um grupo de jogadores vencedores? Técnico-Tática? Psicológico-Social? Todos os fatores são determinantes, é na junção das componentes táctica, técnica, física e psicológica que vão surgir os grandes dominadores deste mundial, são a integração destes fatores no contexto de treino e jogo que farão a diferença, depois é ter líderes como Cristiano Ronaldo, Luiz Suarez, Paul Pogba, Neymar, Neuer, Harry Kane, Andrés Iniesta, Chicharito Hernandez, Christian Eriksen, De Bruyne etc... que podem atuar como comandantes e levar as suas seleções para a frente, porque já vimos que os lideres com pés de barro, estão com muita dificuldade neste mundial e como estrelas são os primeiros a cair. Daí estarem a destacar-se algumas seleções que entram com 11 guerreiros em campo em vez de estrelas propriamente consagradas. Nesse aspecto acredito que a 3ª ronda trará algumas surpresas e até confirmações, como a Seleção do Irão muito bem orientada pelo português Carlos Queirós é exemplo. Para ver a primeira parte da entrevista, clique aqui. Entrevista elaborada por Josué Santos. Fonte: GestaoDesportiva.com.br
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