Os esportes são muito populares na atualidade. Frequentemente são transmitidos jogos profissionais ao vivo na televisão, tornando clubes e atletas famosos até mesmo fora do meio esportivo, como nas redes sociais e como representantes de marcas internacionais de que são patrocinados. Toda essa exposição do esporte profissional leva a comunidade em geral enxergar apenas alguns aspectos mais evidentes, como a fama, a riqueza e as manchetes dos noticiários, sejam dos títulos conquistados ou das confusões que os atletas se envolvem. No entanto, as pessoas em geral não percebem os reais benefícios que o esporte traz para a população. Um pouco de história Durante o século XIX, o Barão Pierre de Coubertain recebeu uma missão do governo da França. Ele teria que descobrir como era realizada a educação nos países mais avançados na época, para ajudar a desenvolver as escolas francesas. Ele visitou países da Europa e na América do Norte, com maiores destaques para a Inglaterra e Estados Unidos. As principais constatações foram que é preciso cuidar do corpo tão bem como cuidar da mente. Para isto, não bastava oferecer excelente instrução dentro de sala de aula, com diversas disciplinas e conhecimento avançado, mas com estudantes inativos, obesos, com problemas posturais e descoordenados. Afinal, não é possível separar um corpo doente de uma mente sã. Por exemplo, você não vê uma pessoa com dores musculares dizendo que está tudo bem, nem alguém gripado, pois afeta o corpo todo. A principal conclusão deste estudo é que as escolas deveriam oferecer aulas dentro e fora das salas de aula, cuidando da mente e do corpo. As ginásticas e as corridas começaram com maior destaque e aos poucos outros esportes foram criados, principalmente esportes coletivos com bolas, como o futebol (1863) e o rúgbi (1871) na Inglaterra, o basquete (1891) e o vôlei (1895) nos Estados Unidos. A desenvolvimento do esporte foi tão relevante nessa época que motivou a criação dos Jogos Olímpicos da era moderna, inspirados nos jogos da antiguidade da Grécia (776 antes de Cristo). O Barão de Coubertain é reconhecido como o responsável pela recriação do evento em 1896 em Atenas, na Grécia, que foi a primeira edição dos Jogos Olímpicos que temos da atualidade.
Este cenário resulta em crianças obesas desde os 3 a 4 anos, que crescem com a crença de que não levam jeito para a prática dos esportes. Na adolescência sofrem pela saúde do corpo e pela rejeição social, com dificuldades para ter amizades e namoros. No fim, temos diversos problemas psicológicos, de baixa autoestima, timidez, falta de confiança e até depressão. Os benefícios do esporte e porque toda a sociedade deveria incentivar É óbvio que os esportes trazem benefícios, mas quais são eles? Basicamente podemos dividir em três grandes áreas:
Benefícios Físicos Desenvolvimento geral das capacidades motoras básicas como velocidade, agilidade, força, coordenação, resistência, flexibilidade e equilíbrio. Os exercícios físicos em geral possibilitam um maior gasto calórico e controle do peso corporal, além da redução de problemas circulatórios (colesterol) e de atrofia muscular. Além disso, haverá um desenvolvimento específico das capacidades de acordo com as exigências do esporte. Por exemplo, a força e a flexibilidade são muito estimuladas na ginástica artística, a resistência no ciclismo e a agilidade no futsal. Ainda que alguns esportes exigem mais de um lado do corpo ou de um membro específico, como o braço dominante no tênis, a movimentação do jogo faz com que o corpo todo seja bastante ativo. Benefícios Técnico-Táticos Aprender a atuar em um ou mais esportes requer dominar os fundamentos técnicos, que é a coordenação específica exigida por cada esporte. Por exemplo, as técnicas do vôlei, como o toque, a manchete e a cortada são muito diferentes das técnicas do basquete como os passes, dribles e arremessos. Se mudarmos para o futebol, basicamente são usados os pés, ou seja, cada esporte enfatiza determinadas técnicas e habilidades. Além dos fundamentos técnicos, cada esporte possui um lado tático, de estratégia de como atuar melhor, seja em relação aos colegas de equipe ou em relação aos adversários. As táticas normalmente são abstratas e requerem grande nível de concentração e interpretação do jogo, ou da luta, seja qual esporte for. Por exemplo, no futebol as movimentações de ataque e de defesa, tipos de marcação (individual, por zona e mista). Entram também nesta área técnico-tática, os conhecimentos de regras específicas de cada esporte e dos regulamentos das competições que participam. Os atletas atuam conscientes do que podem ou não podem fazer, sabendo explorar ao máximo as possibilidades das regras. Benefícios Psicossociais A maioria das pessoas que praticam esportes não se tornam atletas profissionais, pois o esporte profissional é excludente, permanecem só os melhores. No entanto, você deve conhecer pessoas que jogam bola aos finais de semana com amigos. Alguns idosos, outros bem acima do peso ideal e mesmo assim vão jogar. Este é o lado psicossocial do esporte, em que estar junto aos amigos e gastar energia em algo que você gosta te dá um grande prazer, mesmo que no final estará suado e cansado. O exercício físico estimula a liberação de hormônios que causam o bem estar e a diminuição do estresse, além de melhorar a qualidade do sono.
Estes benefícios também influenciam no desempenho escolar, pois os atletas passam a ter maior respeito pelos professores, além de “gastarem energia” na prática esportiva, ficando mais calmos e concentrados dentro de sala de aula. Por fim, as crianças e adolescentes passam a gostar dos esportes e exercícios físicos, tornando-os conscientes para uma vida saudável e cuidados com o corpo. Atletas mudam de esporte, mas geralmente não deixam de praticar algum esporte. O plano ideal de oferecimento esportivo O ideal é que a iniciação esportiva, até os 12 anos, seja ampla e variada, possibilitando o contato das crianças com diferentes esportes, assim, maiores serão os benefícios no desenvolvimento, seja nos esportes coletivos ou individuais. Já na adolescência, a partir dos 13 anos, será normal que escolham manter a prática no esporte que possuem maior habilidade. Esta será a fase de aprofundamento esportivo, conhecida como fase de especialização, em que haverá maior participação de campeonatos e a tentativa de resultados. Para aqueles que tiverem grande aptidão para o esporte, poderão eventualmente seguir a carreira na idade adulta, a partir dos 20 anos, como atletas profissionais ou pelo menos como atletas universitários. Se não ganharem dinheiro com o esporte, poderão pelo menos conseguir bolsas acadêmicas esportivas para atuarem no esporte e cursarem uma graduação superior. Conclusão Se conseguirmos que todas as crianças, adolescentes e adultos jovens pratiquem esportes, teremos uma sociedade muito mais saudável do corpo e da mente. A comunidade local e o poder público possuem papel fundamental nesse incentivo, de ofertar educação de qualidade em conjunto com o esporte, assim como previu o Barão de Coubertain 200 anos atrás.
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Novembro 2024
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