Frequentemente muitas pessoas confundem o que são as regras e os regulamentos. Há quem não saiba diferenciá-los. Neste texto vamos explicar as funções e diferenças de cada um. A regra é o documento que define como determinado esporte deverá ser praticado em todo o mundo. Geralmente é um documento produzido pela federação internacional que comanda a modalidade e, a partir desse documento, todos os países seguem as mesmas regras. Por exemplo, as regras do futebol são publicadas pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) e pela International Football Association Board (IFAB), normalmente no idioma inglês e as vezes também em outros idiomas, como francês e espanhol. No Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) detém os direitos de tradução, para então divulgar as regras em português. Antes de existirem as regras internacionais, era necessário que cada equipe combinasse as regras antes do jogo com seu adversário. O caso mais famoso foi dos praticantes de futebol e de rúgbi na Inglaterra, durante o século de 1800. Os que praticavam futebol não queriam colocar a mão na bola e queriam jogar com 11 jogadores. Os que jogavam rúgbi queriam usar as mãos na bola e jogarem com 15 jogadores em cada equipe. Então faziam acordos em que cada metade do jogo fosse com um tipo de regra. É possível imaginar a confusão a cada jogo. Mesmo que as regras fossem combinadas antes das partidas, quem gostaria de enfrentar adversários com regras que você não está acostumado? A regra é o que define cada modalidade esportiva. Tanto que existe o futebol, o futebol americano, o rúgbi, o futebol australiano, o futsal e mais algumas variações com a mesma origem, mas cada um com regras bastante diferentes. Já o regulamento oferece as normas específicas de cada competição. Por exemplo, prevê detalhes específicos de cada evento, como a forma de disputa, número de atletas inscritos, pontuações por vitórias, normas de inscrições e suspensões, inclusive a previsão para casos mais graves como brigas, de que forma serão julgados e as possíveis punições. Por exemplo, o Campeonato Brasileiro de Futebol tem como sistema de disputa jogos de turno e returno, todos contra todos. Isto é, as 20 equipes se enfrentam, com um jogo em casa e um fora contra cada adversário, resultando num total de 38 partidas para cada equipe. Vence aquele que somar maior número de pontos. Este campeonato necessita de aproximadamente 8 meses para ser concluído. Já na Copa do Mundo de Futebol, são 32 equipes, com duas fases. A primeira dividida em 8 grupos de 4 equipes, em que os dois melhores colocados de cada grupo se classificam para a segunda fase. A partir daí, começam os jogos eliminatórios de oitavas de final, quartas de final, semifinal e final. Assim, este torneio possui mais equipes que o Campeonato Brasileiro, porém tem duração de apenas um mês, em que os finalistas jogam no máximo 7 vezes. No regulamento específico de cada competição também costuma trazer detalhes sobre critérios de desempate (gols pró, saldo, número de vitórias), caso duas equipes terminem a competição com a mesma pontuação e até adaptações de regras para as categorias infantis (tamanho do campo, da bola, duração da partida e etc.). No caso dos eventos de vôlei e tênis, o regulamento define, por exemplo, a quantidade de sets por partida. Outra questão pertinente ao regulamento é quando existe o ranking anual para definir a tabela de jogos, como no caso do tênis com eliminatórias diretas. Se o regulamento tiver a previsão que o atleta ou equipe da cidade-sede do evento será sempre o cabeça de chave número 1 e que depois deverá seguir o ranking por desempenho, isso dará confusão. Isto é, o melhor ranqueado anual será o cabeça número 2 e irá para o mesmo lado da chave do segundo melhor ranqueado, enquanto o terceiro melhor ranqueado será beneficiado por ser “rebaixado” a quarta posição, ficando do mesmo lado da chave do representante da cidade-sede. Para evitar estes tipos de confusão, normalmente as competições esportivas realizam uma reunião com alguma antecedência ao evento, chamada de Congresso Técnico, com a participação dos organizadores e dos representantes das equipes. Assim, caso alguém tenha alguma discordância sobre o regulamento, isso será resolvido em comum acordo antes de iniciar a competição. Porque depois que começou a competição, não adianta reclamar e acredite, muitos treinadores inscrevem suas equipes em competições sem ler o regulamento. No meu texto passado, falei sobre as diferenças entre árbitro e juiz no esporte. Se você ainda não viu, confira aqui.
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Basicamente, o árbitro é aquele que fiscaliza o cumprimento das regras, enquanto que o juiz é aquele que tem o poder de decidir quem foi o vencedor. Ainda não está claro? Vamos aprofundar a questão. O árbitro faz as regras serem cumpridas, para que nenhum dos esportistas tenham vantagens sobre o outro, ou seja, devem atuar em condições de igualdade, sob as mesmas regras. Só que o árbitro normalmente não possui o poder de decidir um resultado de um jogo. A própria regra e o regulamento deverão prever se é possível terminar empatado ou de que forma deverá haver um desempate. Desta forma, nos esportes em geral temos os árbitros. No futebol ou no futsal, por exemplo, se a partida empatar, terá prorrogação e depois pênaltis. Não é o árbitro que decide quem ganhou, mas a própria regra, ou seja, a somatória de gols de cada equipe, seja durante o jogo ou numa disputa de pênaltis. No tênis ou no vôlei, a partida não poderá terminar empatada, pois sempre haverá o set de desempate que definirá o vencedor. Por isso, nessas modalidades, os jogos costumam ser “melhor de 3 sets” ou “melhor de 5 sets”, com um número ímpar do máximo de sets possíveis. Isto significa que, se o jogo for melhor de três sets, aquele que vencer dois sets primeiro será o vencedor. Caso o jogo seja melhor de cinco sets, aquele que vencer três sets primeiro será o vencedor. Já o juiz realmente existe no esporte, mas não é sinônimo de árbitro, como popularmente é chamado no Brasil, até mesmo pela imprensa esportiva. Os juízes existem em modalidades esportivas em que somente cumprir a regra não é possível saber quem foi o vencedor. Por exemplo, nas artes marciais. Temos o árbitro que comanda a luta dentro do ringue, octógono ou tatame. Porém as lutas poderão ser encerradas com um limite de tempo, sem que nenhum atleta tenha finalizado o confronto e assim não ficará claro quem foi o vencedor. Para estes casos existem os juízes que ficam fora da luta com o poder de decisão do vencedor. Normalmente eles analisam critérios objetivos que ajudam nessa decisão como número de golpes, impacto dos golpes, regiões vitais do corpo atingidas, agressividade e também a atitude defensiva do atleta, que neste último caso, conta de forma negativa na pontuação. Geralmente são três juízes (número ímpar) que anunciam as decisões individuais. Vence aquele que tiver maioria dos votos dos juízes, chamada de decisão dividida ou, caso todos os juízes votem pelo mesmo atleta, é chamada de decisão unânime.
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Agosto 2024
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