O Governo Federal anunciou no dia 22 de setembro de 2021 o Programa Vem Ser! Será um programa de iniciação esportiva no contraturno escolar para crianças e adolescentes que será implantado em espaços públicos e privados, em parceria com prefeituras, governos estaduais e OSCIPs, com recursos do Ministério da Cidadania e de emendas parlamentares. Ainda não ficou muito claro como uma escola, um clube ou um município irão ter acesso ao programa, como os procedimentos para inscrições e condições para que sejam contemplados pelo programa. No entanto, esta iniciativa já começa a despertar o interesse de todos que enxergam no esporte uma forma de desenvolvimento dos jovens. No final de 2020, publiquei nesta coluna uma sequência com quatro textos falando sobre a realidade da educação física escolar no Brasil e um olhar de como países mais desenvolvidos tratam o esporte na infância e adolescência, especificamente nos Estados Unidos e na Grã Bretanha. No fim, fiz uma proposta de como poderíamos avançar no desenvolvimento esportivo do Brasil, iniciando justamente pelos esportes nas escolas, no contraturno escolar. Ter visto esta nova iniciativa do Governo Federal trouxe esperança de que finalmente o esporte de base poderá ter um rumo correto, como uma política do governo atual (a princípio) e que eventualmente poderá se tornar numa política de estado, caso o programa seja mantido daqui para frente, inclusive por outros políticos de partidos diferentes que venham assumir o Governo Federal. O programa esportivo federal irá fortalecer o esporte de base em âmbito nacional, ao invés do modelo de projetos isolados que costumam ser encerrados após um ano com problemas em prestações de conta e falhas graves de gestão dos recursos públicos. Isto quebra a sequência de desenvolvimento que o esporte necessita, pois os maiores prejudicados acabam sendo os próprios atletas interrompidos. Esta é uma das principais críticas que tenho ao que vinha sendo feito, afinal, os governos disponibilizavam recursos, mas com tantas burocracias e regulações, os recursos estavam chegando na maior parte apenas para os grandes clubes, com estrutura jurídica e contábil por trás, enquanto aqueles projetos mais necessitados em comunidades carentes não tinham acesso. Não é errado o governo ter forte controle sobre os recursos aplicados nos projetos. Errado é tornar tudo tão burocrático que se torna inacessível a quem realmente precisa. Então, para resolver esse entrave e fazer o dinheiro chegar na ponta, é necessária uma melhor organização para ajudar a desembaraçar estes trâmites, inclusive melhorando a qualidade da aplicação dos recursos. Veremos como o novo programa irá evoluir, mas já começo a pensar num segundo passo, ou seja, a implantação de programas esportivos nas universidades públicas e particulares. Isto dará a sequência que o esporte de base necessita, além de possibilitar que atletas consigam aliar o esporte com a educação superior, que tanto alertei nos meus textos anteriores. Isto dará uma sobrevida para muitos atletas de esportes com poucos recursos, como o caso do futebol feminino e de vários outros esportes olímpicos, em que os atletas poderão seguir praticando até a vida adulta e quem sabe representar o Brasil em eventos internacionais. Atualmente o esporte concorre com a educação no nosso país, pois ou o atleta treina ou ele estuda. Temos que fazer a aliança do esporte com a educação, em que os atletas serão incentivados a seguir nos dois ao mesmo tempo (vejam o exemplo dos EUA). Outra situação de destaque é o envolvimento de pessoas que conhecem a fundo as necessidades do esporte. Por exemplo, a ex-nadadora olímpica Fabíola Molina é uma das responsáveis pelo desenvolvimento do programa. O Deputado Federal Luiz Lima, também ex-nadador é outro que já demonstrou grande apoio a este novo programa. Nada mais justo que a pasta de esporte federal seja liderada por pessoas com conhecimento de esporte, ao invés de políticos que “não entendem nada de esporte, mas entendem de pessoas”, como já tivemos em governos anteriores.
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Agosto 2024
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