Olá, hoje eu vou falar um pouquinho sobre a competitividade no esporte. Esse tema vem especificamente de uma demanda que volta e meia aparece em meu consultório. Não só atletas, mas principalmente pais de atletas se questionam sobre a competitividade que se tem no esporte e de maneira geral se ela é boa ou não, principalmente quando o atleta começa a ingressar no mundo da alta performance, onde o que rege são as competições e os resultados. Independente da modalidade esportiva a questão do vencer, do ganhar, do conseguir um índice, de subir no ranking, entre outros é uma constante em qualquer esporte. Como vocês já sabem, hoje trabalho com atletas de dezessete modalidades esportivas diferentes, e por isso consigo falar com propriedade sobre essa questão do vencer. Portanto, não importa o quanto os esportes podem ser diferentes entre si, um dos pontos em comum é a competitividade. Se pararmos para observar, desde a base, vamos dizer lá quando ainda se é criança na escola, em aula de educação física, por exemplo, conseguimos diferenciar, as crianças que estão ali simplesmente pra se divertir, brincar, simplesmente porque é divertido. Mas também observamos outras que acabam se diferenciando também, que no momento da pratica esportiva estão atentas às regras, ao o que esse esporte está exigindo delas e é justamente nesse momento que elas percebem que é esse o desejo delas, um desejo de se superar, um desejo de vencer, um desejo de conquistar algo a mais. Nesse momento começamos a perceber muitas vezes em crianças muito jovens ainda em torno de quatro, cinco anos, que já começam a manifestar essa competitividade. Então, nesse momento alguns se perguntam, “Nossa, mas é bom tem esse nível de competitividade nessa idade!?”. A questão aqui não é se é bom ou não, mas simplesmente que ela é normal, portanto é necessário que partamos desse ponto de vista a partir desse momento. A competitividade é normal, faz parte do ser humano, da sua constituição interna, da sua característica, tanto biológica, mas também cultural. Então, quando as pessoas falam assim: “Nossa, fulano/fulana é competitivo”, lembre-se que ser competitivo não é um problema, mas o que iremos analisar a partir de agora é como cada atleta individualmente age e reage perante sua própria competitividade e se ela é saudável para si mesmo e os outros que estão a sua volta. Para algumas pessoas ser competitivo e estar em uma competição é altamente desgastante, o atleta não possui um repertório interno o suficientemente completo e efetivo para gerenciar/ administrar essas questões. Esse é um de vários pontos que se converso em frequentemente com meus atletas em minhas sessões e palestras. O atleta caso deseje e esteja disposto a fazer o que é necessário, poderá entender sua demanda interna, desenvolver ferramentas personalizadas e aprender a manejá-las nos momentos adequados, dessa forma terá mais chance de conseguir melhor domar suas emoções em diferentes situações e ter uma qualidade melhor qualidade em seu jogo nas competições. Mas em alguns momentos pode ocorrer que a pessoa perceba que ela não tem estrutura interna para lidar com essa competitividade a tal nível e talvez ela precise dar alguns passos pra trás. Infelizmente vemos “por aí” alguns atletas que acabam por se desligar, alguns atletas que acabam por interromper suas carreiras porque percebem que justamente não é pra si aquilo, e ainda sempre surge a dúvida se seria essa a melhor decisão mesmo ou não, mas é óbvio, meu trabalho aqui é falar sobre os atletas que avançam e vão além, esse assunto poderemos deixar para uma próxima conversa. Já uma parcela da população nasceu com “aquilo”, aquela gana, com aquela vontade, com aquela adrenalina, a pessoa gosta realmente daquela competitividade, não importa em qual setor da vida e onde ela se envolva, ela quer ser a melhor, e irá fazer tudo que for necessário para conquistar o que deseja. Estar em um ambiente competitivo faz bem pra essa pessoa. Se ela se encontra na “mesmice”, naquela rotina que considera chata, não terá desafio e uma vida sem desafio se torna desinteressante, sem adrenalina. Então para um atleta que é altamente competitivo, que já nasceu com essa característica, como Psicólogo do Esporte tenho menos trabalho, pois teremos menos trabalho nível terapêutico, e poderemos mais rapidamente focar o desenvolvimento do trabalho no Treinamento Mental, ainda existem outras características que poderei abordar em uma conversa futura pra falar desses pontos específicos da pessoa que já nasce com essas características. Voltando ao foco, acredito que é muito bacana pegarmos esse ponto que muitos pais vêm me perguntar, e me questionar. “Poxa, meu filho é competitivo, mas eu sinto que ele não sabe o que está fazendo”, “... que está ficando doente...”, “... eu sinto que ele não está curtindo a vida...”, “não está administrando o seu tempo corretamente...”, “... não está gerenciando direito as coisas”, etc. Então, converso com esses atletas e detecto que eles são competitivos, eles gostam da competição, eles querem ser os melhore, mas não estão sabendo como conduzir “as coisas” de forma efetiva. Eu digo pra vocês, a competitividade em si é muito boa, ela inicialmente não faz mal, como eu disse pra vocês no início dessa conversa, ela é normal, faz parte da gente. Portanto não devemos gastar muita energia discutindo essa questão, devemos sim focar se o atleta está conseguindo conduzir as coisas de forma saudável em sua vida ou não. Caso ele não esteja conduzindo sua competitividade de da forma ideal, o Psicólogo do Esporte dará o suporte necessário a esse atleta, ele vai entender melhor o que está acontecendo internamente, o histórico de vida, poderá trabalhar as emoções, e vai conseguir encontrar ferramentas para que ele consiga então conduzir as coisas com qualidade, trazendo alta performance em sua vida, muito vigor, com muita força, e principalmente sem perder a sua qualidade de vida. Gosto de destacar que a pessoa deve conduzir todos os aspectos de sua vida de forma equilibrada e assim ela consegue de fato prosperar dentro e fora de seu esporte. Então, é muito importante você que é pai, mãe, treinador, mas principalmente atletas, parem um pouso e investiguem, façam uma autoanálise e detectem, para responder questões como: Como estou conduzindo essa minha competitividade interna? Eu estou levando isso de maneira saudável ou estou fazendo mal pra mim ou pra outras pessoas que estão à minha volta? De que forma a competitividade a será conduzida a partir de agora!? Você pode simplesmente terminar de ler esse material e pensar “ah dá muito trabalho, eu não vou fazer nada” ou poderá resolver tomar as rédeas da sua carreira esportiva e perceber que você pode mudar as coisas, mudar a forma como você sente, mudar as formas como você conduz a sua carreira e sua visão sobre a competitividade. Revisando, primeiro decida se você é competitivo ou não. Lembre-se não há problema em não ser competitivo, mas seja justo com você, pois sabe que com certeza se você não tem essa garra interna, esse desejo de chegar lá e realizar, será muito mais difícil você conquistar algo relevante no seu esporte. É importante lembrar, você não se vê como competitivo ou não, mas gostaria de ser, há como desenvolver isso. Existem algumas características de personalidade que são difíceis de mudar, mas há formas de compreendê-las e controlar alguns tipos de pensamentos e comportamentos depreciativos e aumentar esse potencial competitivo. Vamos encontrar formas de você poder gerenciar tudo com qualidade e alcançar o que se deseja, sem perder o que já se conquistou em sua vida. Então com esse texto quero que vocês reflitam um pouco e pensem sobre essa situação. Recomendo a vocês, que caso sinta que não está bom para você que não deixe da forma como está, resolva!!! As consequências positivas virão como a qualidade de vida que melhora e principalmente a capacidade de jogo, de conseguir resultados mais satisfatórios não uma vez, mas por muito tempo em suas carreiras esportivas. Um grande abraço a todos!!!
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Formação de Atletas
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Novembro 2024
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