Na próxima terça-feira (26/01) abre novamente o edital para inscrição do Programa Bolsa Atleta Federal. Tenho minhas opiniões sobre o programa, prós e contras, mas como nunca trabalhei diretamente com o programa, o objetivo desse texto não é gerar polêmica, é apenas trazer alguns dados interessantes sobre o programa. Para quem quiser pleitear a bolsa o link de acesso é: https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/bolsa-atleta/inscricoes As fontes usadas foram o próprio site do Governo Federal e o site Inteligência Esportiva. Inclusive, se você não conhece o trabalho do Inteligência Esportiva, convido a conhecer. Era uma ação conjunta entre o Centro de Pesquisa em Esporte, Lazer e Sociedade (CEPELS) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR) da Secretaria Especial de Esportes do Ministério da Cidadania, essa ação foi encerrada recentemente, mas o site ainda contém inúmeras informações relevantes sobre o esporte no Brasil, especialmente sobre o Bolsa Atleta. Agora vamos aos dados, começando pela função do Programa Bolsa Atleta: “O programa garante condições mínimas para que (atletas) se dediquem, com exclusividade e tranquilidade, ao treinamento e competições locais, sul-americanas, pan-americanas, mundiais, olímpicas e paraolímpicas”. Acredito que é importante trazer aqui uma reflexão que vou desenvolver um pouco mais na sequência. Devido aos valores ofertados em algumas categorias de bolsa, vêm a questão se o programa realmente cumpre sua função ou acabando servindo mais como um programa de welfare state, ou seja, apenas uma bolsa auxílio. Se você quiser saber mais sobre o tema tem uma dissertação de doutorado muito boa sobre o assunto aqui. Vou falar resumidamente do tema a seguir.
Como os atletas estão em diferentes níveis da carreia, o Programa Bolsa Atleta concede o benefício em seis diferentes categorias: Base, Estudantil, Nacional, Internacional, Olímpica/Paralímpica e Pódio, com valores mensais que variam de R$ 370 a R$ 3.100. Aqui podemos voltar a reflexão se o Programa atende seu objetivo de dar condições mínimas para o atleta se dedicar ao esporte. Imaginando que o salário mínimo é de R$ 1.100,00, uma bolsa de R$ 370 não seria suficiente para se sustentar no país, o que não seria suficiente para atender o objetivo do programa de garantir condições mínimas para que os atletas se dediquem, com exclusividade e tranquilidade, ao treinamento e competições.
Por fim, no site do Inteligência Esportiva é possível verificar o valor total recebido por cada atleta que já fez parte do programa, então procurei os nomes dos atletas que já estão garantidos nos Jogos de Tóquio segundo o Governo Federal:
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Um dos grandes temas discutidos na questão esportiva no Brasil é a dificuldade na obtenção de recursos financeiros. A iniciativa esportiva basicamente é financiada pelo estado através de leis federais, estaduais e municipais, com situações muito pontuais de patrocínio direto a entidades ou atletas. Diante disso, trago abaixo algumas sugestões baseadas em experiências próprias do que é possível fazer dependendo do tipo de agente esportivo. Tive certa experiência trabalhando no Programa Geração Olímpica do Paraná, na época em que ainda era chamado de Programa Talento Olímpico, o maior projeto estadual de bolsa atleta existente no país. Também vivenciei quase 8 anos na Federação Paranaense de Tênis, uma entidade autossustentável, sem recursos públicos, o que é diferente da grande maioria das entidades no país e recentemente entrei no Clube Curitibano. Dessa forma, irei abordar nas próximas linhas a questão da federação, atleta e clube que são diretamente minha experiência profissional e minhas sugestões para esses 3 tipos de agentes esportivos. ATLETAS Se você morar em uma cidade como Curitiba, pode ser um bom lugar para ser atleta. Dependendo de seus resultados você pode conseguir alguma verba através da Secretaria Municipal de Esportes Lazer e Juventude (SMELJ), bolsa estadual através do Programa Geração Olímpica e bolsa federal através do Bolsa Atleta. Cada programa tem editais próprios e abrem em períodos diferentes, então é importante ficar atento aos períodos que as inscrições abrem e os critérios necessários para participar. Os programas federal e estadual têm bolsas com valores definidos, enquanto o municipal você pode solicitar uma determinada verba, mas para isso precisará fazer um projeto nos moldes solicitados. O governo do estado do Paraná tem também o Proesporte, que é a lei de incentivo ao esporte estadual, nela é possível escrever um projeto e solicitar determinada verba, algo que também é possível na Lei de Incentivo Federal. Nesses dois últimos casos e, também na busca por um patrocínio pessoal que seja independente de recurso público, é muito importante pensar em qual será o retorno para quem aportar o dinheiro. É fundamental que o patrocinador ou o apoiador do projeto tenha algum retorno interessante, mesmo que esteja utilizando recursos vindos de renúncia fiscal. Existem inúmeros atletas por aí e inúmeros projetos que podem ser mais atraentes para o patrocinador devido a isso, ou simplesmente devido a modalidade. Falando em modalidade pode ser interessante buscar um clube que seja filiado ao CBC. O Comitê Brasileiro de Clubes possibilita pagamentos de hospedagem e passagens em viagens e, para os clubes é importante que existam atletas competindo por eles. Alguns clubes em algumas modalidades não conseguem preencher as vagas apenas com os associados, o que abre vaga para o chamado sócio atleta. Além disso, ter resultados bons a nível sul-americano pode ser suficiente para a obtenção de bolsas de estudos nos Estados Unidos em que é possível conciliar faculdade com a vida esportiva em ótimas estruturas. CLUBES / CENTROS ESPORTIVOS / ACADEMIAS Os clubes normalmente já possuem uma receita da mensalidade do sócio que é revertida proporcionalmente para cada modalidade, enquanto centros esportivos e academias esportivas vivem dos pagamentos mensais dos serviços prestados. Para essas instituições que visam lucro, criar um modelo associativo, nos moldes de um clube, pode ser uma alternativa. Dada a devida proporção é o que os clubes de futebol fazem no sócio torcedor. Ter uma receita fixa ajuda muito em um planejamento. Realizar eventos pode também ser uma boa alternativa para arrecadar recursos ou mesmo manter os alunos motivados. Normalmente, o valor da inscrição de um evento serve para custear as despesas do próprio evento, então ele tem um caráter mais de manutenção de clientes/sócios. Porém, realizar eventos oficiais (federação, confederação) pode ser uma forma de ter arrecadação extra. No caso específico do tênis, por exemplo, realizar um torneio federado gera receitas para o promotor, o que pode ser utilizado pela academia ou pelo departamento de tênis do clube com uma receita extra. Como já mencionado no item anterior existem leis municipais, estaduais e federais que podem receber projetos esportivos. Os projetos podem ser de realização de eventos, capacitações, treinamentos entre outros. A Lei de Incentivo ao Esporte do Estado do Paraná (PROESPORTE) e a Lei de Incentivo ao Esporte Municipal de Curitiba permitem até que pessoas físicas inscrevam projetos, ou seja, os professores ou diretores do local podem inscrever o projeto caso o clube possua alguma pendência com o governo ou mesmo não queira se comprometer a escrever o projeto em apenas uma modalidade. FEDERAÇÃO / CONFEDERAÇÃO As confederações de esportes Olímpicos recebem um valor do COB para realizar as suas atividades, então, de certa forma já recebem algum recurso. Em algumas modalidades inclusive esse valor é repassado as federações, sendo a única fonte de recursos. As federações que não têm a dependência desse repasse, basicamente tem suas receitas advindas de eventos e de taxas federativas. Algumas cobram para emissão de declarações e relatórios, outras cobram taxa de filiação ou taxa de anuidade. Minha percepção é que muitas entidades falham em perceber, incentivar e obter recursos de eventos amadores adultos por estarem muito concentradas no rendimento ou no infanto-juvenil. Não que a base não seja importante, mas existem estudos que apontam que o maior consumidor do esporte, e consequentemente o maior financiador, são os amadores. Usando experiência própria, a Federação Paranaense de Tênis consegue boa parte de suas receitas com esse perfil de jogadores. Aqui novamente projetos de incentivo ao esporte estaduais e federal são opções, afinal como eu já falei no início desse texto o maior financiador do esporte no Brasil é o estado. Algumas confederações já perceberam que ter uma gestão, muito profissional, muito transparente, utilizando vários princípios de governança, pode ser uma forma de tornar a entidade atraente para patrocinadores. Pode levar um certo tempo, mas acredito que esse último item é fundamental não apenas para a conquista de recurso como para a manutenção financeira saudável da entidade. Essa foram algumas breves sugestões para tentar auxiliar pessoas ou instituições que estão procurando formas de conseguir recursos financeiros. Esqueci de alguma? Deixe seu comentário.
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Abril 2023
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