Terminadas as eleições, já é especulado a possível nomeação de ministros e já se cogitam nomes para cargos de confiança visando compor uma equipe para 2019. Nestes rumores, é cogitado que a pasta do Esporte, seja agregada possivelmente à outra pasta já existente (não sendo esta uma informação oficial, sendo tão somente fruto de rumores).
Neste texto, vou levantar alguns pontos a serem considerados para o entendimento à cerca desta possibilidade (que pode não ocorrer), vale destacar que o texto exprime a opinião do autor e somente dele. O orçamento para 2018 do Ministério do Esporte é de cerca de 1,5 bilhões de reais. Sendo que até o momento foram gastos, cerca de 220 milhões de reais. 95,57% dos gastos do Ministério do Esporte em seus valores contratados dispensaram licitação. Sendo que do total gasto, 99% deles foram para pagamento de serviços. Dentro dos gastos informados, cerca de 80 milhões de reais, foram gastos com administração geral. Ou seja, o que disto, foi realmente revertido para o desenvolvimento esportivo no país? Apenas para comparar, em 2016, o programa Militar destinou cerca de 18 milhões de reais aos seus atletas de rendimento, sendo que dos 462 atletas brasileiros que participaram dos Jogos Rio 2016, 145 eram vinculados a este programa e das 19 medalhas obtidas, 13 foram conquistadas por competidores vinculados ao programa. Também para efeitos comparativos, embora as 19 medalhas (totais) do país, tenham representado seu melhor resultado em edições dos Jogos Olímpicos de Verão, vale recordar os resultados (totais) de edições anteriores como em 2012 Londres com 17, 2008 Pequim com 16, 2004 Atenas com 10, 2000 Sydney com 12 e 1996 Atlanta com 15, ocasião em que o Brasil enviou ao evento, menos da metade da delegação que disputou os Jogos do Rio. Estes são dados a serem considerados, pois nem sempre MAIS dinheiro, significa MELHORES resultados, uma vez que nem todo dinheiro destinado, tem como destinatário final, o desenvolvimento e avanço esportivos. O objetivo aqui não é o de menosprezar ou desqualificar os serviços prestados pelo Ministério do Esporte, mas sim de exprimir que a estrutura atual pode ser otimizada (como tudo sempre pode) e não significando que a possível junção desta pasta à outra já existente, signifique retrocesso no campo do esporte, pelo contrário, apenas um uso mais consciente do recurso, uma vez que o programa Militar funcionou apoiando atletas que obtiveram resultados expressivos na última edição olímpica, este pode ser um modelo que venha a funcionar. Enquanto não há um desenvolvimento sério do Esporte, com uma proposta decente que atrele o esporte ao ensino, será necessário selecionar talentos que basicamente se desenvolveram “sozinhos” e ajuda-los já praticamente na fase adulta. Nem de longe é o que o esporte nacional precisa, mas é o mais perto que se pode fazer no curto prazo. Considerando as outras prioridades do país, não seria o enxugamento de gastos do Ministério do Esporte, que faria as já precárias condições enfrentadas por muitos atletas brasileiros em seu dia-a-dia, que iriam piorar. E aí? O que será que Bolsonaro fará? Manterá a Pasta e os recursos, exatamente como estão? Migrará a pasta para outra já existente? Cortará cargos? Criará novos cargos? Vale lembrar que em seu programa de governo, não havia uma proposta direcionada especificamente ao Esporte. Mas caso o presidente venha a ler este texto, fica aqui o apelo para o uso consciente do dinheiro, fazendo com que ele chegue, onde mais é necessário, que seguramente, não deve de ser nos grandes salários de Brasília.
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Sem o objetivo de influenciar no voto de algum possível leitor, esperei o término do primeiro turno para enviar o texto.
Ao contrário de outras nações, o esporte no Brasil, ainda é muito dependente de recursos públicos para a sua manutenção e desenvolvimento e mais importante do que as discussões por redes sociais em qual candidato votar, é a leitura dos planos de governo dos presidenciáveis. Na última pesquisa de intenção de voto, realizada no dia 06/10/2018 pelo Data Folha (e divulgada pelo site do G1), os três primeiros candidatos com maior número de intenção de votos válidos eram Jair Bolsonaro (40%), Fernando Haddad (25%) e Ciro Gomes (15%). Destes três presidenciáveis, fiz questão de ler seus programas inteiros, buscando por medidas contundentes ao setor que me toca (setor esportivo). Embora eu me preocupe com o país de maneira geral, por senso crítico, gosto de procurar as medidas relacionadas ao esporte, pois entendo que como Mestrado em Gestão do Esporte, é onde eu possa colaborar com sugestões. O plano de Governo de Jair Bolsonaro possui 81 páginas no total e não cita a palavra Esporte. O plano de Governo de Fernando Haddad (divulgado como programa de Luis Inácio Lula da Silva) possui 58 páginas e menciona a palavra Esporte 27 vezes e o plano de Governo de Ciro Gomes possui 62 páginas e menciona a palavra Esporte 3 vezes (em apenas 1 tópico com 6 linhas). Em relação ao único plano de Governo com uma proposta real para o esporte (O de Haddad), destaco como boa ideia (a qual inclusive, sempre defendi) está na página 23, em que no tópico 3.1, sobre educação, menciona abrir os espaços escolares, para prática esportiva. Esta iniciativa ao meu entendimento é pertinente, pois as escolas públicas em sua maioria possuem ao menos uma quadra poliesportiva ao passo que como estrutura física, alguns municípios sequer disso dispõe. O item 3.6 do citado plano discorre especificamente sobre esporte e é chamado de: Agenda de Futuro para o esporte brasileiro e este, recomendo a leitura e crivo do leitor. Aqui deixo claro que antes do Pan de 2007, o único outro evento desta natureza havia ocorrido em 1963 (Pan de São Paulo) e embora os megaeventos esportivos tenham mais tarde sido flagrados e vinculados ao mau uso do recurso público, cabe ao critério próprio pontuar se valeu pagar o alto preço da corrupção, apenas pela oportunidade de receber o evento. Minha opinião é de que as iniciativas privadas deveriam não mais apostar em atletas já formados e prontos, mas sim, nas categorias de base, onde o recurso é mais definitivo, ao passo que o Brasil enquanto país, enfrenta diversos problemas sociais, econômicos e culturais, acaba por perder no esporte, uma chance real de reversão ou minimização destes problemas (os quais não pormenorizo por poder cometer o equívoco de esquecer a citação de algum). Mas nem sempre, apenas agregar o esporte ao discurso, se constitua de proposta... todavia vale a reflexão do tanto que o esporte caminhou até aqui e que rumo pode seguir... |
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