Inicio o ciclo de publicações neste veículo, trazendo um assunto que vem influenciando o destino do esporte brasileiro, desde os seus primórdios: a política! Sim... a política enquanto relação de poder, enquanto a vontade de poucos em tentar exercer efeitos sobre muitos. Ou seja, uma minoria que defende seus interesses próprios em detrimento aos interesses da grande maioria. Caso preferirem, podemos chama-la de “jogo” do poder, presente o tempo todo em qualquer instalação ou entidade onde exista algum tipo de prática esportiva. “Jogo” este que faz com que dirigentes despreparados assumam cargos de liderança em entidades e organizações esportivas. E ao se tornarem gestores, utilizam tais entidades para sua autopromoção, para ostentar sua imagem na mídia, para promover benefícios a si próprios e tentar permanecer nesses cargos pelo maior tempo possível. E ao fazerem isso, se esquecem de zelar pela promoção e pelo desenvolvimento do esporte a longo prazo. Assim, treinadores não conseguem realizar o seu trabalho devido à uma imediata cobrança por resultados. Atletas muitas vezes veem os seus direitos negados e sofrem para obter recursos suficientes para uma vida profissional dedicada ao esporte. E os futuros atletas então, que não conseguem se desenvolver dentro do cenário esportivo, por serem obrigados a obter desempenho semelhante aos melhores profissionais, mesmo quando ainda são crianças. Sem contar os torcedores, que simplesmente são colocados de lado e pagam um elevado preço em tentar assistir a um espetáculo que muitas vezes não empolga. “Jogo” que faz com que cargos executivos - nos mais variados órgãos públicos – se tornem moedas de trocas por apoio de algum partido político ou para a obtenção de determinado número de votos. E então, esses “Senhores do Esporte”, nomeados por prefeitos, governadores e presidentes, sem nunca ao menos ter se preocupado com o ambiente esportivo, se tornam nossos “representantes” e decidem o futuro de milhares de crianças, jovens e adultos. Pessoas essas que poderiam vivenciar mais políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do Esporte em suas comunidades. Que poderiam participar de mais projetos que utilizassem o Esporte como uma ferramenta para a educação de valores, para a melhoria das condições de vida ou como uma ferramenta para se tornarem cidadãos. “Jogo” que também prevalece em alguns veículos de comunicação e imprensa. Aqueles que deveriam levar a informação e auxiliar no desenvolvimento do Esporte, muitas vezes somente se preocupam com uma única modalidade esportiva, pois é nela que estão empenhados os maiores recursos financeiros. E assim, inúmeras Rafaelas, Arthurs, Thiagos, Felipes, Diegos, somente terão a chance de serem lembrados se conseguirem se destacar em uma edição de Jogos Olímpicos. E ainda assim, ficarão por um curto período em evidência e logo serão esquecidos novamente. E o que é ruim, poderia ser ainda pior...pois existem outras modalidades e conquistas que nem sequer alcançam esse espaço na mídia. Exemplo recente é a nossa Seleção Brasileira de Rugby XV, que obteve o inédito título de Campeã Sul-americana 6 Nações, numa campanha marcada pela vitória sobre a forte seleção argentina, pela primeira vez na história dessa modalidade. Mas conquistas como essa, que deveriam ser comemoradas por toda uma nação, infelizmente serão lembradas apenas pelos próprios atletas, seus familiares e alguns poucos apaixonados por essa modalidade esportiva. Mas, mesmo assim, nosso Esporte ainda vive... e nele também existem pessoas e entidades que querem realmente fazer a diferença. Pessoas comprometidas com o seu desenvolvimento, que lutam para melhorar as condições de infraestrutura, que levantam a bandeira por uma melhor governança nas entidades esportivas, que se colocam à disposição de uma nova e possível geração de praticantes e atletas, sem querer algo financeiro em troca. E é por isso, que continuo a acreditar... e ser parte desse processo. Lutar por aquilo que vivenciei desde criança, que me deu muitos dos melhores momentos da minha vida, que me ensinou a jamais desistir antes que o árbitro termine esse “jogo”. Árbitro este chamado vida. Ou seja, enquanto o “jogo” estiver acontecendo, ainda haverá chances de vencê-lo. E vencê-lo significa conseguir inserir uma única política nesse cenário... uma Política Nacional de Esporte, implantada em todas as suas esferas, em todos os ambientes, validada por todos os interessados e possíveis envolvidos. Por meio dela, conseguir oportunizar o acesso a diversas práticas esportivas, garantindo o direito de todo cidadão como assim prevê nossa Constituição Federal em seu artigo 217. “Jogo” difícil... mas possível de ser vencido. E que por meio dele, possamos gerar ao Esporte, o que é (ou deveria ser) do Esporte!
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Entidades Desportivas
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Abril 2023
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