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Sportswashing – a verdade por trás das grandes aquisições e eventos esportivos

27/12/2022

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Fotografia
Torcedores comemorando a compra do Newcastle pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita. Fonte: Reuters/Lee Smith
Sportswashing, o termo que se refere à junção das palavras “esportes + lavagem”, vem ganhando cada vez mais visibilidade. Ele descreve a prática de usar do esporte para mascarar, esconder ações e aspectos negativos de governos, indivíduos, corporações, melhorando assim sua reputação manchada perante o mundo.

Governos totalitários que violam direitos humanos, oprimem mulheres e a comunidade LGBTQIA+, censuram a imprensa, apoiam a pena de morte, entre outros, viram no esporte uma forma de camuflar esses feitos, trazendo a atenção do mundo para uma outra face que envolve investimentos multimilionários em clubes de futebol, eventos como a Copa do Mundo, Fórmula 1, Olimpíadas, etc.

Essa prática já acontece desde antes do século XXI, mas o termo só foi criado em 2018 pela Anistia Internacional, organização não governamental que defende os direitos humanos. O esporte é o melhor e mais popular veículo para espalhar propagandas positivas para um governo. Hitler usou disso em 1936 nas Olimpíadas de Berlim, propagando o regime nazista; a Argentina também quando sediou a Copa do Mundo em 1978 e estava sob uma ditadura que usou do evento para obter apoio da população e amenizar a repercussão das torturas e assassinatos que cometiam.

​Hoje em dia vemos muitos clubes sendo adquiridos por regimes totalitários que são alvos de críticas, como o Newcastle que é comandado pela Arábia Saudita (Mohammad bin Salman), o Manchester City pelos Emirados Árabes Unidos (Sheik Mansour), o Paris-Saint Germain pelo Catar (Nasser Al-Khelaifi), entre outros. Vamos explorar um pouco dos detalhes de cada um.

Newcastle

O clube inglês Newcastle foi adquirido por 300 milhões de libras em 2021 pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, que pertence à família real do país. A Arábia Saudita é uma monarquia absoluta, considerada um estado totalitário, onde o atual rei, Salman bin Abdulaziz Al Saud, é o chefe do estado e o chefe de governo. O Alcorão, livro sagrado do Islamismo que é religião predominante no país, é o que rege a constituição local, assim como o comportamento, direito e deveres da população. O príncipe a herdar tudo é Mohammad bin Salman, "dono" do Newcastle, que indicou Yasir Al-Rumayyan como governador do Fundo de Investimentos que fez a aquisição e presidente não executivo do clube.

Considerado um dos países culturalmente mais fechados e intolerantes do mundo, o regime da Arábia Saudita é conhecido por perseguir seus opositores, criminalizar homossexuais, apoiar fortemente a pena de morte, reprimir as mulheres e perseguir seguidores de religiões que não sejam o Islamismo. Em 2016, o príncipe Mohammad bin Salman lançou um ambicioso plano chamado “Visão 2030”, onde ele almeja fazer com que a Arábia Saudita dependa menos do petróleo e diversifique mais sua economia, desenvolvendo mais os setores da saúde, educação, infraestrutura, recreação e turismo. Para isso, eles precisam mudar sua imagem de intolerantes perante o mundo, e uma ótima forma é através do futebol, algo amado internacionalmente.

A compra do Newcastle é um ótimo exemplo de sportswashing, fazendo com que os torcedores vibrem com a aquisição do time, que tem como objetivo tornar o clube uma potência mundial, coisa que a gestão anterior não conseguiu nem em termos financeiros e nem desportivos.  O torcedor não se importa com a origem do dinheiro, desde que tenham vitórias e títulos para seu time do coração. E é esse o principal ponto do sportswashing, fazer com que a imagem e a atenção sobre um governo totalitário seja mudada para a imagem de um país riquíssimo que tem o poder te transformar clubes de futebol em super potências.

Paris Saint-Germain FC

O Paris Saint-Germain FC é outro grande exemplo, comprado em 2011 pela Qatar Sports Investments (QSI), um fundo de investimentos da família real do país. O Catar é uma monarquia absolutista e constitucional, sendo o emir, Tamim bin Hamad Al Thani, o líder do povo. É uma ditadura totalitária também, sem imprensa livre, sem liberdade de expressão, com muitos conflitos econômicos, políticos e sociais. Porém, mesmo com tudo isso, aparece na 4ª posição de país mais rico do mundo considerando o PIB per capita (Forbes, 2022). Nasser Al-Khelaïfi ocupa o cargo de CEO da QSI e presidente do PSG desde 2011, cargos dados a ele pelo emir do Catar.
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Nasser Al-Khelaïfi - presidente do PSG. Fonte: Flickr - alkhaleej-online
O país maquia seu lado obscuro através do esporte, seja com a compra do PSG, seja com a Copa do Mundo 2022, seja com altos investimentos nos clubes. A ideia é que o mundo os veja como os poderosos que têm o poder de trazer para o mesmo time Neymar, Messi, Mbappé, e que fazem a Copa do Mundo mais cara da história. Olhando no site do PSG lemos - “Desde a compra do clube pela QSI em 2011, ele se transformou e se tornou um dos principais clubes de futebol e marcas esportivas globais do mundo”.

​Em um dos locais mais caros do mundo, a 5ª Avenida em Nova Iorque, vemos inclusive uma loja do PSG em grande estilo, mostrando seu poder perante outras marcas futebolísticas. Para atrair turismo, mostrar suas instalações e cultura para um público internacional, o Catar sedia anualmente treinos e torneios em que o PSG comparece, sendo o mais famoso a Qatar Winter Tour, torneio que acontece todos os anos em Doha – algumas possibilidades que só o esporte poderia abrir as portas.
Manchester City FC

O terceiro exemplo é o Manchester City FC, comprado pelo Abu Dhabi United Group (ADUG) em 2008, uma empresa privada de investimento e desenvolvimento que pertence a Mansour bin Zayed Al Nahyan, sheik e político dos Emirados Árabes Unidos e integrante da família real de Abu Dhabi. Em 2013 fundaram o City Football Group, que até 2015 tinha como dono o ADUG, com o objetivo de administrar uma rede de clubes de futebol, sendo o Manchester City o principal deles, assim como administrar academias de times, também com suporte técnico e empresas de marketing. Sob comando do Sheik Mansour, o clube evoluiu muito dentro e fora de campo, conquistando diversos títulos, e ganhando manchetes como - “Nova realidade faz Sheik Mansour virar 'deus' para fãs do City” (Globo Esporte, por Cahê Mota, 2012).
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Sheik Mansour. Fonte: Reuters
Hoje, o City Group, como é popularmente chamado, é uma holding constituída majoritariamente pela empresa Newton Investment and Development LLC, também propriedade do Sheikh Mansour, e por 18,1% pela empresa americana Silver Lake. Comandam 12 times entre Inglaterra (Manchester City FC), EUA (New York City FC), Austrália (Melbourne City FC), Japão (Yokohama F. Marinos), Uruguai (Montevideo City Torque), entre outros.
​
Os Emirados Árabes Unidos são constituídos por sete emirados, tendo cada território seu próprio emir (líder). Para escolher o presidente do país, esses emires escolhem um dentre os sete pra ocupar o cargo, sendo o atual Maomé bin Zayed Al Nahyan, emir de Abu Dhabi. O termo mais apropriado pra esse governo seria uma "federação de monarquias", já que os emires são de famílias reais. O país conhecido por suas cidades luxuosas e tecnológicas, como Dubai, também tem sua má fama por violação dos direitos humanos, superexploração de trabalhadores estrangeiros, pouca liberdade de expressão, etc., mas conseguem ser fortemente associados aos investimentos multimilionários no esporte a nível mundial.
 
Outros exemplos

Dentre vários outros exemplos que podemos citar, vemos também o caso do Azerbaijão, visto como um país de governo autoritário que reprime opositores, restringe a liberdade de protesto e religião, e que investiu milhões e milhões no Atlético de Madri entre 2012 e 2015. No início, começaram estampando na camisa do time o nome do país com o slogan “Land of fire” (PT: “Terra de fogo”), para atrair público para o turismo local. Após isso, fecharam um patrocínio máster na temporada 2013/2014, sendo estendido até 2015, por cerca de 12 milhões de euros por ano para continuar estampando na camisa do time propaganda do país.
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Fonte: BabaGol
​O Azerbaijão também promove eventos esportivos como o de Fórmula 1 (Azerbaijan Grand Prix), o que melhora sua imagem de governo autoritário perante o mundo, trazendo turismo e boas imagens através do esporte. Falando em Fórmula 1, o Barein (Bahrain Grand Prix), país ditatorial do Oriente Médio, é muito conhecido por sediar o esporte por lá também, disfarçando suas más práticas com isso.
É possível combater o sportwashing?

​Infelizmente, essa é uma prática muito difícil de combater, sendo inviável impedir que clubes sejam comprados por ditaduras, que treinadores e atletas boicotem o futebol em locais com regimes totalitários assim ao não irem jogar pra eles, etc. Dinheiro é a alma de todo negócio e algo que não falta em cada um desses exemplos anteriores. Assim como o mundo não vai parar de comprar petróleo de países do Oriente Médio, assim eles vão continuar investindo altamente nos esportes para conquistar uma fama positiva de tabela.

Recentemente, por conta da invasão da Ucrânia pela Rússia, o governo do Reino Unido impôs fortes restrições ao Chelsea, que tinha como dono o russo Roman Abramovich, o qual tinha um relacionamento bem próximo com Vladimir Putin, que é o cabeça do regime ditatorial da Rússia. Abramovich teve que vender o clube, o que fez muita gente pensar que a situação de restrições poderia se aplicar a outros governos extremistas também, o que não foi o caso. A situação com Abramovich e com a FIFA excluindo a Rússia da Copa do Mundo 2022 foi diferente.

O país não tem tanta influência internacionalmente e nem uma contribuição acentuada ao esporte como os países do Oriente Médio hoje têm, então é muito mais fácil desbancar um país, em termos esportivos, que está envolvido claramente em um conflito terrível e que não vai acarretar em um impacto nos eventos, do que fazer os bilionários do Catar, Arábia Saudita e Emirados venderem seus times, já que suas más ações estão de certa forma mais “encobertas”.
Em um artigo escrito por Praveen Nair para o “The UCSD - The Guardian”, ele coloca como uma das ações que podem ser acatadas pra diminuir o efeito do sportswashing é atletas e torcedores se manifestarem em defesa dos direitos humanos dentro dos times e eventos que são bancados por regimes autoritários. A ideia é garantir que essas aquisições, países sedes, não sejam vistos como super potências financeiras, melhorando sua reputação e trocando o foco da atenção, mas que suas más ações sejam trazidas à luz de certa forma. Um exemplo foi a seleção Alemã tapando a boca antes do início do seu jogo contra o Japão na Copa do Mundo no Catar, protestando contra a proibição de usarem a braçadeira “OneLove”, que simboliza a comunidade LGBT.
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Seleção alemã tapando a boca na Copa do Mundo 2022 antes do jogo contra o Japão. Fonte: REUTERS/Annegret Hilse.
Em 2021, Lewis Hamilton também protestou ao usar um capacete com um arco-íris no Prêmio do Qatar de Fórmula 1, em favor da comunidade LGBTQIA+, afirmando em entrevista: "Conforme as competições esportivas vão para esses locais, elas têm o dever de colocar em foco esses problemas. Esses lugares precisam de escrutínio. Direitos iguais são uma questão séria" (Globo Esporte, 19/11/2021).

​
​O esporte tem um poder de “cegar” as pessoas diante de certas situações, a vontade de ganhar, de gritar campeão, fala muito mais alto do que se opor a regimes totalitários, opressores. Com isso, nos resta aproveitarmos cada oportunidade possível para expormos o assunto e levantarmos discussões a respeito, de forma que isso venha a ter um efeito positivo.
Fotografia
Autora: Giovana Zavarelli Grassmann Bobbo​
Gestora Esportiva e Diretora de Operações e Logística do Olé Football Club (mais sobre a autora)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
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