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Governo Federal anunciou o programa “Vem Ser!”, uma oportunidade para jovens no esporte

25/9/2021

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Crédito: Ministério da Cidadania / Governo Federal (divulgação)
O Governo Federal anunciou no dia 22 de setembro de 2021 o Programa Vem Ser! Será um programa de iniciação esportiva no contraturno escolar para crianças e adolescentes que será implantado em espaços públicos e privados, em parceria com prefeituras, governos estaduais e OSCIPs, com recursos do Ministério da Cidadania e de emendas parlamentares.

Ainda não ficou muito claro como uma escola, um clube ou um município irão ter acesso ao programa, como os procedimentos para inscrições e condições para que sejam contemplados pelo programa. No entanto, esta iniciativa já começa a despertar o interesse de todos que enxergam no esporte uma forma de desenvolvimento dos jovens.

No final de 2020, publiquei nesta coluna uma sequência com quatro textos falando sobre a realidade da educação física escolar no Brasil e um olhar de como países mais desenvolvidos tratam o esporte na infância e adolescência, especificamente nos Estados Unidos e na Grã Bretanha. No fim, fiz uma proposta de como poderíamos avançar no desenvolvimento esportivo do Brasil, iniciando justamente pelos esportes nas escolas, no contraturno escolar.

Ter visto esta nova iniciativa do Governo Federal trouxe esperança de que finalmente o esporte de base poderá ter um rumo correto, como uma política do governo atual (a princípio) e que eventualmente poderá se tornar numa política de estado, caso o programa seja mantido daqui para frente, inclusive por outros políticos de partidos diferentes que venham assumir o Governo Federal.

O programa esportivo federal irá fortalecer o esporte de base em âmbito nacional, ao invés do modelo de projetos isolados que costumam ser encerrados após um ano com problemas em prestações de conta e falhas graves de gestão dos recursos públicos. Isto quebra a sequência de desenvolvimento que o esporte necessita, pois os maiores prejudicados acabam sendo os próprios atletas interrompidos.

Esta é uma das principais críticas que tenho ao que vinha sendo feito, afinal, os governos disponibilizavam recursos, mas com tantas burocracias e regulações, os recursos estavam chegando na maior parte apenas para os grandes clubes, com estrutura jurídica e contábil por trás, enquanto aqueles projetos mais necessitados em comunidades carentes não tinham acesso. Não é errado o governo ter forte controle sobre os recursos aplicados nos projetos. Errado é tornar tudo tão burocrático que se torna inacessível a quem realmente precisa. Então, para resolver esse entrave e fazer o dinheiro chegar na ponta, é necessária uma melhor organização para ajudar a desembaraçar estes trâmites, inclusive melhorando a qualidade da aplicação dos recursos.

Veremos como o novo programa irá evoluir, mas já começo a pensar num segundo passo, ou seja, a implantação de programas esportivos nas universidades públicas e particulares. Isto dará a sequência que o esporte de base necessita, além de possibilitar que atletas consigam aliar o esporte com a educação superior, que tanto alertei nos meus textos anteriores. Isto dará uma sobrevida para muitos atletas de esportes com poucos recursos, como o caso do futebol feminino e de vários outros esportes olímpicos, em que os atletas poderão seguir praticando até a vida adulta e quem sabe representar o Brasil em eventos internacionais. Atualmente o esporte concorre com a educação no nosso país, pois ou o atleta treina ou ele estuda. Temos que fazer a aliança do esporte com a educação, em que os atletas serão incentivados a seguir nos dois ao mesmo tempo (vejam o exemplo dos EUA).

Outra situação de destaque é o envolvimento de pessoas que conhecem a fundo as necessidades do esporte. Por exemplo, a ex-nadadora olímpica Fabíola Molina é uma das responsáveis pelo desenvolvimento do programa. O Deputado Federal Luiz Lima, também ex-nadador é outro que já demonstrou grande apoio a este novo programa. Nada mais justo que a pasta de esporte federal seja liderada por pessoas com conhecimento de esporte, ao invés de políticos que “não entendem nada de esporte, mas entendem de pessoas”, como já tivemos em governos anteriores.
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Autor: Luiz Antonio Ramos Filho
Mestre em Gestão do Esporte e Especialista em Futebol (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
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Resiliência no esporte

28/8/2021

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Crédito: Susan Flynn - unsplash
Muitas vezes ouvimos os atletas dizerem, “tenho que ser resiliente”, mas será que de fato ele sabe o que é ser resiliente? É muito fácil você falar que é um atleta resiliente, que você é um profissional resiliente, mas a capacidade de você poder se adaptar as situações e entender o enfrentamento é muito mais profundo do que geralmente se fala. Então, o que é ser resiliente? 

Resiliência é a capacidade da pessoa se adaptar a uma situação e também poder retornar a sua forma original, isso é, não deixando de ser quem ela é. É cada vez mais comum esse termo no mundo esportivo. Mas só o fato de você entender que existe um constructo interno, uma forma de pensar, uma forma de estruturar ações e comportamentos diante das adversidades, será que já te deixa pronto?

A primeira pergunta que você deve fazer é “eu estou pronto pra encarar qualquer situação que venha nessa situação?”. Será que você analisa todas as circunstâncias e situações que podem acontecer em um determinado ambiente em decorrência das ações que você está praticando?! Geralmente não!!!! Geralmente dizemos que estamos preparados, mas na realidade você está preparado ou apenas acredita que está preparado e na hora “h” não conseguirá colocar em prática?

E outros momentos você está preparado para uma ou duas variáveis que podem ocorrer naquele momento, mas você está pronto realmente pra enfrentar todas as variáveis possíveis para lidar com uma situação? Você consegue ter maleabilidade e flexibilidade de improviso? Essas são ações muito importantes dentro de um ambiente esportivo, o esporte está em constante movimento, ele muda constantemente.

Nas últimas olimpíadas podemos observar diversas manifestações de variáveis emocionais que influenciaram na performance dos atletas, atletas que “ruíram”, “desmoronaram”, atletas campeões que caíram por não conseguirem lidar com pressões externas e questões internas, mas também pudemos perceber também outros atletas que surpreenderam, atletas que venceram, atletas que mantiveram estabilidades emocionais fantásticas.

Vimos exemplo de atletas que enquanto seus adversários estavam visivelmente tensos e nervosos, eles em contrapartida estavam com semblantes tranquilos, serenos e obtiveram ótimos resultados em suas provas. Essa é a força mental, a capacidade de a pessoa ser resiliente no momento de estresse se adaptar e ter comportamentos adequados mantendo um estado de equilíbrio interno.

No meu dia-a-dia em meus atendimentos e treinamentos, quando um atleta fala para mim “Doutor eu perdi tudo!!!” eu digo, “Ok, e o que você aprendeu com essa derrota?”. Para evoluirmos, devemos  entender, aprender, e evoluir com nosso erros, há uma necessidade real de você estar constantemente fiscalizando a situação, você pode optar em estar despreparado, você pode falar “Meu Deus perdi e agora!?” ou de preferencia pode optar em pensar da seguinte maneira “Certo perdi, o que eu posso fazer então pra que isso não ocorra novamente?!”, ou ainda, “Onde realmente ocorreram minhas falhas nesse jogo de hoje ou nesse campeonato, nesse torneio, neste troféu...”, então aprendam com as situações, evoluam com elas.

A resiliência que está dentro de você é o preparo interno para enfrentar qualquer adversidade que ocorra, estabilizar e enfrentar a situação, é perder aprender e seguir para a próxima ou vencer, comemorar, entender como ganhou, corrigir seus erros e seguir para o próximo jogo e/ou campeonato. Resumindo, estar sempre preparado e equilibrado.

A resiliência é importante para que se permaneça forte no esporte. Nós tivemos agora em alguns eventos esportivos internacionais entre eles as olimpíadas de Tóquio a possibilidade de ver atletas brasileiros que tiveram quedas significativas em seus rendimentos em relação aos que eles faziam em 2019, em compensação outros que conseguiram bater suas marcas e conquistar novos recordes pessoais, mas e aí, como explicar essa diferença!?

A explicação está justamente pela forma de adaptação, a resiliência interna, uma flexibilidade que a pessoa possui de lidar com todas as adversidades, então é importante uma reflexão e análise profunda sobre isso. Não importa se você é atleta, se você é técnico, profissional da área da saúde esportiva, pai, mãe, se pergunte: “Estou sendo resiliente com os problemas que acontecem em minha vida?”. “Estou me adaptando, encontrando recursos necessários para lidar com essas situações mantendo uma boa estabilidade emocional?”.

E como saber se você está sendo resiliente? Primeiro analisar como está lidando com seus problemas, se com as dificuldades que estão surgindo está conseguindo superar diariamente qualquer barreira que apareça. Esses são alguns de vários comportamentos que podem indicar que você possivelmente está sendo resiliente, mas se está sofrendo, ansioso, estão acontecendo varias coisas e como consequência só consegue ficar irritado, está tendo episódios de insônia, dores de barriga, esses podem ser sintomas que você não está conseguindo lidar provavelmente com as adversidades e aí com certeza você não está sendo resiliente em certas situações.

Então é fácil perceber, mas talvez ainda muito difícil desenvolver a auto avaliação e a autocrítica, a grande maioria não consegue fazer e elas são cruciais para se gerenciar as habilidades internas e conseguir assumir e reconhecer essas falhas.

É importante encontrar as ferramentas necessárias e é claro se você sente que é muito difícil chegar nesse nível de insight sozinho, procure um Psicólogo do Esporte na sua região ou um online assim como eu faço a mais de 12 anos para todo o Brasil e exterior. Pois você seguindo orientações especificas que te levem a reconhecer as dificuldades e ao adquirir novas ferramentas cognitivas e comportamentais especificas, conseguirá atingir a resiliência na sua vida e na sua carreira esportiva, profissional, ou em qualquer situação em que você estiver.

A importância da construção sólida do que é ser resiliente, não é simplesmente falar “eu sou resiliente”, está em você de fato utilizar as estratégias comportamentais e cognitivas específicas para atingir esse nível de performance mental.
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Um grande abraço a todos, e até a próxima!!!
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Autor: Paulo Penha
Psicólogo do Esporte, Gerente de Saúde Esportiva da PSICCOM (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
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Há vida além do esporte: busca por propósito

9/8/2021

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Crédito: Tokyo 2020 - Divulgação
​Na terça-feira passada (27) a vitoriosa ginasta norte-americana Simone Biles, chocou o mundo do esporte ao desistir de competir na final olímpica por equipes após cometer um erro. Sua principal argumentação pela desistência teve relação com saúde mental. Alguns meses atrás outra estrela vitoriosa também tomou atitude semelhante, Naomi Osaka citou depressão e abandonou Roland-Garros, um dos principais torneios do mundo. Ainda no mundo do tênis Dominic Thiem, após vencer seu principal título da carreira, o US Open, revelou desmotivação e também citou saúde mental em entrevista. Para fechar essa lista e não deixa-la muito extensa, temos também Michael Phelps, que já parou de competir, mas outro caso de atleta muito vitorioso que lida com depressão.
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Acredito que esses casos e outro inúmeros de atletas que chegam até entrar no mundo das drogas têm relação com o propósito de cada um deles.
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Você pode conquistar uma vitória, um título, quebrar o recorde olímpico de medalhas em uma mesma olimpíada, ter muito dinheiro, o emprego dos sonhos, nada vai preencher esse vazio, se essas metas não forem naturalmente suas. Talvez outro grande exemplo disso é o caso do jogador de futebol Adriano Imperador, que largou uma vida de fama e fortuna jogando futebol na Europa porque não era feliz e foi muito questionado por isso.

Para o psicólogo esportivo Paulo Penha existe uma explicação bastante simples nessa falta de motivação: ​
“No início da carreira esportiva, grande parte dos jovens atletas se sentem motivados pelo técnico e/ou a equipe técnica, mas com o decorrer do tempo, em muitos casos, há um decréscimo da motivação, pois apesar de uma maior alegria em relação a técnica aprimorada, realizações e vitórias, aspectos como relacionamentos sociais, estudos e lazer são deixados de lado, fazendo com que os atletas fiquem um quanto que desorientados sobre  que rumo devem tomar e ao que dar prioridade. Fazendo com que muitos atletas tenham dificuldades em planejar e visualizar seus futuros. ”

Trazendo para a minha experiência pessoal, passei 28 anos procurando agradar outras pessoas, fazendo escolhas que não eram minhas. Em dado momento tinha 2 empregos, trabalhava muito, tinha condição financeira de fazer muitas coisas, mas não tinha tempo e não me sentia feliz, pleno, realizado. Sentia que não estava usando minhas capacidades e que podia mais na vida. Vivia uma vida “morna”. Meu problema não era tanto profissional, por sorte sem querer acabei entrando na Educação Física, sempre trabalhei com isso, mas mesmo gostando não estava onde queria. E também não sabia para onde ir. Quando você passa anos seguindo decisões dos outros, você nem sabe o que você quer, para chegar na sensação de vazio é um pulo. Me pergunto quantos desses atletas seguem sonhos deles e quantos seguem sonhos dos pais ou dos outros.

​Novamente nesse ponto, Paulo Penha traz algumas informações cientificas sobre o tema:
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​Nos exemplos já citados nesse texto existe o agravante do profissionalismo: “Por consequência da profissionalização dos atletas, a pressão é maior, gerando dessa forma certo desconforto, diminuindo a alegria em estar treinando, e gerando maior apreensão em relação à técnica, por medo de frustração. Nesse ritmo frenético não se percebe o como este processo é maçante e árduo, e muitas vezes se esquece que estamos lidando com pessoas (com suas particularidades e sentimentos), e não com máquinas. Quando os resultados não são satisfatórios, muitas vezes não se sabe o porquê está ocorrendo isso e na maioria dos casos, atletas acabam por serem descartados como peças sobressalentes. Qualquer atleta está sujeito ao estresse, do amador ao profissional, é de extrema relevância que o estresse esteja sob o controle do atleta que busca o máximo rendimento esportivo”, comenta Paulo.
O estresse controlado e a questão do ritmo frenético mencionada na vida dos atletas podem ser aplicados também para não atletas, na vida pessoal e profissional. O ritmo acelerado que a sociedade atual impõe muitas vezes nos impede de perceber o que está nos incomodando até o momento que já é tarde. Você escuta seus áudios na velocidade 2? Eu evito, procuro ditar meu ritmo na minha vida, senão ela te atropela. Mas para você ter essa consciência e disciplina acredito que ter um proposito, saber para onde você quer ir é essencial.

É por isso que também conversei com Letícia Gonzalez. Formada em secretariado executivo ela se beneficiou da pandemia para parar, refletir sobre alguns pontos e decidiu investir em uma nova carreira. Hoje ela cursa psicologia e falou sobre a busca do propósito no podcast “Papo de Banheiro” de forma muito prática no episódio “3 passos para encontrar seu propósito”.

“A pandemia me gerou ansiedade, principalmente na minha situação profissional. Todas as mudanças que aconteceram, especialmente no trabalho, me geraram muita ansiedade, o que me fez questionar se era aquilo mesmo que eu queria. Até aquele momento eu nunca tinha me questionando sobre isso, estava levando a vida, não tinha percebido que até minha faculdade tinham escolhido por mim. ” Contou Leticia sobre o que levou ela a refletir sobre a carreira.

​Então ela procurou algumas ferramentas de autoconhecimento, e foi quando ela encontrou o Canvas da Carreira, que é o que ela aborda no podcast mencionado acima, e gostaria de compartilhar aqui para contribuir para quem estiver precisando. Resumidamente são 3 pontos que você precisa observar em você para entender melhor para onde ir: “São três pontos importantes nessa ferramenta: valores, talentos e referências. Você precisa conhecer seus valores para procurar profissões ou empresas que tenham valores semelhantes. Você precisa saber seus talentos também para encontrar um trabalho que você possa utiliza-los. E você deve observar suas referências, quem são as pessoas que são seus exemplos? Tem uma frase que eu gosto nesse assunto que diz para onde seus olhos olham é para onde você quer ir”.
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E você que está lendo, para onde seus olhos estão olhando agora? Você escolheu seu caminho ou ele foi escolhido para você? Tem uma frase que eu gosto para refletir nesse momento: se não estabelecermos prioridades alguém fará isso por nós.

O psicólogo Paulo Penha acredita que o mundo esportivo precisa modificar a forma de lidar com suas principais peças, os atletas, e aumentar o investimento em cuidados aos mesmos. Pois somente assim se estará garantindo uma base fixa para a conquista de vitórias, para que possam se tornar constantes e sólidas por um longo período nos parâmetros esportivos.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio já colocaram em pauta a saúde mental e talvez tenha algum impacto na questão dos cuidados com os atletas, afinal existe vida além do esporte, assim como existe vida além do trabalho. Autoconhecimento e propósito são talvez os principais pilares desse tema junto do autocuidado. Então compartilhe aqui o que você tem feito a respeito disso.
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Autor: Daniel Vila Hreczuck
Especialista em Gestão e Marketing do Esporte e Supervisor de Esportes de Raquetes no Clube Curitibano (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
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Ensinamentos do hipismo para todos os esportes

6/8/2021

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Crédito: Philippe Oursel - unsplash
Depois de mais uma Live fantástica realizada em meu Instagram é impossível não falar sobre o assunto discutido, hoje trago para vocês os principais assuntos abordados nessa conversa tão interessante sobre o Mundo do Hipismo.

Meus convidados foram: de São Paulo, Fábio Rodarte, cavaleiro, coach profissional com mais de 30 anos de experiência no esporte. De Curitiba, Rodrigo Carvalho, instrutor de equitação há oito anos, trabalha com equinos há cerca de 20 anos, e de Florianópolis, Rafael Lindner Dias, cavaleiro profissional que já venceu alguns Grande-Prêmios como do Haras MD e do Haras Fischer e a nível internacional saltou o GP do Best Jump e venceu prova em Moorsele na Bélgica e em Wellington nos EUA.

“Destacou-se na conversa que o Hipismo é conexão, conexão com o outro e com si mesmo”, e que a importância do conjunto é fundamental no hipismo, se ter sintonia com o cavalo que está montando é essencial para formar um bom conjunto, percepção, sensibilidade, parceria, grandes segredos para o caminho do sucesso nesse esporte.

Alguns dos conhecimentos básicos do cavaleiro/amazona devem ser:
1. Disciplina: todo atleta deve ter disciplina para o aprendizado;
2. Diagonal de trote: tirar o assento da sela na hora certa enquanto trota;
3. Galope do cavalo na mão certa: o equilíbrio do equino e também do atleta depende da mão certa no galope;
4. Alto: saber parar o cavalo sempre que necessário sem perder o equilíbrio;
5. Conjunto: ter sintonia com o cavalo que está montando é essencial para formar um bom conjunto.

As principais dicas que surgiram foram: “frações de segundos podem te fazer perder o campeonato”, “1 minuto para fazer 90.000 coisas”, “a variável viva do conjunto interfere”, “pressões de pais é igual a desejos projetados”, “no hipismo há muito ego envolvido”, “deve-se entender sobre armação de percurso”, “a terapia ajuda no hipismo”, “a preparação física é necessária”, “para uma boa preparação física é necessário analisar o perfil necessário de cada atleta”, “o atleta precisa entender que acontece o refugo”, “o erro ajuda ao aperfeiçoamento”, “o erro está a favor do resultado”, “devem-se enfrentar os traumas”, “pensamentos organizados são iguais a ações organizadas”, “tem que se trabalhar a precisão do atleta”, “é necessário um ajuste fino”, “humildade e aprender com os experientes”.

E para ficar firme e crescer no esporte, foi um consenso de todos que os atletas devem ter: paciência, amor, fé, positividade, determinação e comprometimento. Então agora coloco uma questão interessante, tirando alguns pontos que são específicos e exclusivos do hipismo, é tão diferente assim do seu esporte? Os quesitos necessários para ser campeão, são universais!!!!

Um grande abraço, boa reflexão pessoal, e até a próxima!!!
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Autor: Paulo Penha
Psicólogo do Esporte, Gerente de Saúde Esportiva da PSICCOM (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
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Dormir para vencer

4/6/2021

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Crédito: Quino Al - unsplash
É isso mesmo, o sono, isso é dormir, é um dos caminhos, um dos requisitos essenciais para se ter sucesso no esporte e vencer os desafios do dia-a-dia. O sono é um tema muitas vezes negligenciado no contexto esportivo, visto parecer algo secundário, mas não é bem assim, ele se mostra de grande relevância e agora vamos entender um pouco melhor o porquê.

O sono é uma necessidade biológica para recuperar as energias gastas durante o dia. A falta de qualidade de sono gera uma instabilidade no relógio biológico da pessoa, pois ela acordará com a sensação de cansaço, e sua produtividade durante o dia cairá, podendo gerar mal humor, baixa concentração, atenção e acesso a memória aumento da ansiedade e estresse, dificuldade de controlar o peso, inclusive aumentando o risco de lesões, esses aspectos e outros contribuem para diminuir o rendimento esportivo (Miguel, 2019) e (Nahas, 2003).

Em pesquisas foram encontradas correlações expressivas entre a qualidade do descanso e repouso e os níveis de fadiga, e que estão proporcionalmente interligados, na hora que o descanso diminui a fadiga aumenta (Brandt, 2010). O tempo de reação de um atleta tem interferência por diversos fatores, entre eles o sono. O sono chega a ser considerado por muitos atletas como uma estratégia a ser utilizada para vencer (Léger, 2008) e (Samulski e Noce, 2002).

O sono já é reconhecido por atletas de elite e treinadores como um componente de muita relevância para a regeneração dos atletas, sendo de extrema necessidade para um bom desempenho esportivo (O’Toole, 2005).
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Aos técnicos: antes de fecharem uma avaliação de seus atletas investigar todas as variáveis possíveis, pois em muitos momentos o motivo de um baixo rendimento esportivo se deve simplesmente a baixa qualidade de sono, e no momento em que se auxilia esse atleta a se reorganizar e valorizar o momento do sono pode ser o suficiente para que o seu desempenho melhore.

Aos atletas: verifiquem antes de dormir se estão tempo demais no celular por exemplo, ou se o seu quarto é silencioso ou tem muito barulho, se é muito quente ou frio, e até mesmo se os travesseiros e colchões estão confortáveis.

Fiquem atentos e bons sonhos!!!
Um grande abraço e até a próxima!!! 
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Autor: Paulo Penha
Psicólogo do Esporte, Gerente de Saúde Esportiva da PSICCOM (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
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Baixo desenvolvimento esportivo devido às dificuldades psicopedagógicas

2/5/2021

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Crédito: Luis Desiro - unsplash
As dificuldades de aprendizagem surgem bem cedo, em sua maioria antes dos sete anos de idade. Mas nem sempre são ocasionadas por debilidades psicofisiológicas ou por imaturidade. Tais variações entre o potencial da criança e o que ela realmente consegue executar devem sempre ser avaliadas com cuidado por um profissional especializado em dificuldades de aprendizagem. Lembrando que estas dificuldades ocorrem em qualquer idade.

O que muitos não imaginam é que estas dificuldades podem se apresentar no contexto esportivo também, onde, por exemplo, o atleta possui dificuldades em entender as instruções do técnico, e não conseguir executar corretamente e/ou adequadamente o que lhe foi instruído pela não compreensão adequada do que lhe foi passado.

Seus sintomas podem se manifestar como: ansiedade, falta de motivação, dificuldades para dormir. Muitas crianças começam a roer unhas, chorar sem motivo aparente, apresentar distúrbios alimentares. Algumas se queixam de cansaço permanente e dores que costumam ser imaginárias. Estão sempre frustradas e insatisfeitas. Podem surgir problemas psicossomáticos e de agressividade em diferentes níveis.

Se nada é feito para sanar os sintomas citados acima, quando as crianças ficam um pouco mais velhas, não demonstram mais curiosidade, se tornam apáticas e sem interesses pelas atividades, já que mesmo se esforçando não conseguem acompanhar seus colegas nos treinos. Sua autoestima comprometida faz aparecer comportamentos que demonstram insegurança e condutas de compensação, como a agressividade, a rebeldia, o pouco caso, o boicote ao treino, entre outros. O que se torna preocupante, pois além do atleta se comprometer ainda mais, começa a atrapalhar o professor e a evolução de seus colegas.

A baixa autoestima produz sentimentos de menos valia e insegurança, que pode acarretar em fracassos e derrotas. Por esses motivos, aconselho pais e professores a estarem atentos aos seus filhos e alunos. A procura de um Psicólogo do Esporte com conhecimentos em psicopedagogia, oferece desde cedo a oportunidade de afastar importantes dificuldades de aprendizagem na vida de muitas crianças, tanto no ambiente escolar como esportivo. Possibilitando dessa forma seu crescimento em ambos os contextos.

​Obrigado e até a próxima.
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Autor: Paulo Penha
Psicólogo do Esporte, Gerente de Saúde Esportiva da PSICCOM (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
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Saudades dos filhos esportistas

26/3/2021

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Crédito: Claudio Schwarz - unsplash
Falarei hoje sobre as saudades das mães e dos pais, quando suas filhas e filhos saem de casa pra jogar em outras cidades, e as saudades que os atletas possuem de seus familiares. Essa é uma das situações mais comuns no mundo esportivo que por muitas vezes são ignoradas por serem consideradas normais e incontroláveis.

Por mais que se tem conhecimento que essa mudança faz parte do mundo esportivo e que é positiva para o amadurecimentos desses jovens atletas, o que não vemos são as dificuldades que acontecem quando essas saudades é mal elaborada, tanto pelos pais como pelos atletas, o mais comum são surgirem reações e emoções como medo, apreensão, depressão, ansiedade, pânico, fobias, angustias... Acredito que já deu para perceber que não são poucos os sintomas que podem aparecer e por esse motivo essa “separação” não poderá a partir de agora ser mais ignorada.

Percebam que no parágrafo anterior coloquei a palavra separação entre aspas, com a intenção justamente de destacar que essa separação é física, mas de modo algum poderá ser emocional, muitos pensam que por estarem a milhares de quilômetros de distância que a relação que se tinha antes será perdida e por isso muitas vezes pais acabam por exigir demais de seus filhos ao pedirem atenção constante dos mesmo, que estão em outra cidades, com uma rotina muito diferente, com os horários apertados sendo exigido disciplina e resultados das equipes esportivas em que estão. Caso a família não consiga equilibrar o que se sente com o que se pode, há a possibilidade de se criar uma “bolha” de sofrimento cada vez maior que uma hora irá estourar e geralmente quem sofrerá e perderá mais será a/o atleta.

Sensação de sufocamento proporcionado pelas famílias aliado as cobranças normais de treino poderão desenvolver psicopatologias que caso não identificadas e trabalhadas com a velocidade necessária poderão levar os atletas a uma desistência precoce em seus esportes.

Portanto destaco nessa coluna a necessidade de se administrar adequadamente essa saudade e ao menor sinal que alguma das partes esteja sofrendo, algo deve ser feito imediatamente a respeito. Para que de fato no futuro as lembranças dessa fase sejam mais positivas do que negativas.

​Espero que tenham gostado dessa coluna, até a próxima.
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Autor: Paulo Penha
Psicólogo do Esporte, Gerente de Saúde Esportiva da PSICCOM (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
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Como fica o atleta e seus treinos após contrair a Covid


Diante da atual realidade da pandemia, percebemos que surgem nos atletas, perguntas que sozinhos não conseguem responder, mas sabemos algumas posturas e técnicas físicas e comportamentais que poderão ajudar atletas e comissões técnicas a lidarem melhor com as questões nessa fase. Vamos à leitura?

​Clique aqui
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Treinos suspensos de volta e agora!?

5/3/2021

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Crédito: Sylwia Bartyzel - unsplash
E aí, e agora!? Acabou!?

Desânimo, pensamentos depressivos, estafa mental estão ocorrendo em decorrência da pandemia, perdendo rendimento na sua vida e nos treinos.

Isso ocorre porque você está se permitindo perder performance!!! Mas quero me explicar melhor, é óbvio que os que estão aqui lendo essa coluna e nesse momento estão em sofrimento por terem contraído o vírus ou algum familiar que contraiu ou até mesmo veio a óbito, é claro que você tem todo direito ao sofrimento. Mas e os atletas que estão apenas sofrendo os efeitos colaterais da pandemia como terem seus treinos suspenso em uma fase de lockdown, a que nível esse sofrimento é tolerável?

Parece que sua vida “pausou”!? Mas se pergunte, porque parou, será que há justificativa o suficiente para a sua vida estagnar? Ou você está usando o contexto atual como uma desculpa para o insucesso!?

Será que é possível você se reinventar nesse momento e conseguir ter ainda mais sucesso do que antes?!? Existem formas diferenciadas para lidar com a adversidade, e precisamos entender e saber como domá-la.

Para que as mudanças positivas ocorram na sua vida é necessário que você faça algo ativamente positivo todos os dias para que de fato você se adapte a adversidade e consiga evoluir durante essa fase que nos limita de tantas formas, mas apenas nos limita não nos impedem de atingir nosso máximo potencial.

Então um caminho é acordar no próximo dia, abrir os olhos e tentar enxergar as coisas diferentes, fazer um novo planejamento da sua vida, direcionar as atividades necessárias no dia e dessa forma cada dia avançar mais em direção de seus novos objetivos, e com isso a ansiedade reduz, a “depressão” cessa e você percebe como de fato é estar no controle.

Algumas pessoas podem valorizaram seu próprio sofrimento e outras podem enaltecer suas conquistas, a decisão é apenas sua sobre a forma que deseja encarar cada uma dessas situações.

Se necessário pegue um dia para se reorganizar, não faça mais nada, não trabalhe, não treine, reflita sobre sua vida, faça atividades que no seu dia-a-dia você não está acostumado a fazer, ajude seu cérebro a pensar de uma maneira diferente, e assim você terá mais facilidade para encontrar alternativas diferentes em sua vida nessa fase. E voltar aos seus treinos e atividades com outro vigor!!!

Abra os olhos para valorizar as coisas que você já possui em sua vida e não apenas o que você já poderia ter se não fosse o lockdown. Dessa forma você pode perceber que seu sofrimento não está tão bem fundamentado assim. Tem que saber o momento de lutar, descansar e se reinventar.

​Olhe para sua vida querendo resolver e não sofrer!!!
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Autor: Paulo Penha
Psicólogo do Esporte, Gerente de Saúde Esportiva da PSICCOM (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
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Superando uma lesão: o trauma no esporte

26/1/2021

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Crédito: Rohit Reddy - unsplash
O tema de hoje é sobre o trauma no esporte. Algum tempo atrás eu estive em um congresso de traumatologia esportiva palestrando justamente sobre o medo do retorno ao esporte. O atleta que está em um desenvolvimento ascendente em sua carreira e por algum motivo em um treino ou competição acaba sofrendo algum tipo de trauma, lesão, fratura, etc., e se vê em uma situação onde precisa se afastar por um determinado tempo.

Por ficar imobilizado, engessado, limitado de alguma forma, se vê parado, sem treinar, começa a ficar muito tenso, triste porque acabou aquela rotina que ele tinha, e vem os pensamentos de que está ficando para trás em relação aos outros e que que não conseguirá mais voltar ao seu rendimento anterior.

Quando termina o processo de cura e começa a fase de recuperação da lesão, o atleta se vê sofrendo para realizar movimentos básicos que antes era tão normais, tão simples e que ele nem mesmo parava para perceber que os estava fazendo. Nessa fase ele se vê aprisionado em movimentos técnicos, muitas vezes simples, chatos e que devem ser repetidos “infinitas” vezes para se reabilitar.

Ele se sente ansioso, triste, deprimido, com raiva e tantos outros sentimentos nesse período, pois em muitos momentos ele pode pensar que já que está tão difícil fazer certos movimentos simples, imagina quando voltar ao treino normal. É nessa hora que ele se vê em desespero, o medo e a dúvida se irá realmente conseguir se recuperar rapidamente tomam conta, e caso o atleta entre nessa fase, o ideal é que seja realizado um acompanhamento com um Psicólogo capacitado.

O trabalho deverá ser além do apoio emocional ao atleta nessa fase, desenvolver novas habilidades para potencializar o processo de recuperação, além disso deverá ser organizado um cronograma de cada etapa a ser cumprida, e o que pode e deve esperar em cada uma, entendendo o seu papel e responsabilidade para que seja bem sucedido.

Durante o processo o atleta vai transformando o seu medo em autoestima e confiança, novamente acreditando em si, e lidando com o trauma como um aprendizado em sua história para seu crescimento profissional.

Minha sugestão para o atleta que nesse momento lê essa coluna e se identifica com a situação, é que você aproveite esse momento de recuperação pra fazer tudo o que é necessário no tempo que foi estipulado pelos especialistas que te acompanham, não adianta tentar antecipar o retorno ao esporte, tem que respeitar o processo, se você respeitar, você consegue ter uma recuperação muito boa, muitas vezes consegue ter uma performance superior após esse período porque mentalmente você estará com certeza muito mais forte.

Pessoal essa é a dica, qualquer dúvida ou comentário estou à disposição.
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Autor: Paulo Penha
Psicólogo do Esporte, Gerente de Saúde Esportiva da PSICCOM (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br
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Proposta de Plano Nacional de Formação Esportiva no Brasil

10/12/2020

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Crédito: Eugene Ptashnik - unsplash
Você já viu projetos esportivos serem interrompidos e todo o trabalho realizado com crianças e jovens ser simplesmente abandonado? Isto é bem comum aqui no Brasil, independente da sede do projeto ou de quem é o gestor. O que parece ser um problema localizado num único projeto interrompido, na realidade demonstra uma inconsistência do nosso plano de formação esportiva. É sobre isto que vamos debater nesse texto.
 
Vale reforçar que este texto é a sequência de outros três que já foram publicados em relação ao mesmo tema. No primeiro, abordei sobre os dilemas atuais da disciplina de educação física e da pouca prática de esportes nas escolas brasileiras. Nos dois textos seguintes, expliquei brevemente como funciona o modelo de formação esportiva dos Estados Unidos e no outro, sobre o modelo da Grã-Bretanha. Agora, vamos fechar esta série de análises, falando especificamente qual rumo o esporte brasileiro deveria tomar.
 
O modelo atual de formação esportiva no Brasil
 
No final do século XIX e início do século XX, o Brasil recebeu uma grande quantidade de imigrantes europeus como italianos, portugueses, alemães, espanhóis e ingleses. Este período coincidiu com o início das práticas esportivas como o remo e o futebol, que resultou na criação de vários clubes de regatas, atléticos, sport clubs e football clubs.
 
Atualmente, estes mesmos clubes esportivos são alguns dos principais formadores de atletas no Brasil, ou seja, seguimos o modelo europeu, baseado em clubes. O problema é que a maior parte dos clubes vive com poucos recursos, dependendo de contribuições de associados ou de verbas públicas. Além disso, a capacidade de absorção de crianças e jovens é relativamente pequena para uma cidade inteira, então os clubes geralmente selecionam os melhores ao invés de possibilitar a prática massiva para todos.
 
Se a maioria das crianças não possuem local de aprendizado, como poderão ter alguma chance de serem selecionados pelos clubes?
 
O talento esportivo depende de muita prática e de um ambiente que proporcione as condições para que ele se desenvolva. No vídeo abaixo (apenas em inglês), elaborado pela Sport Scotland, há uma explicação interessante e resumida sobre como os talentos esportivos se desenvolvem.
O modelo de formação esportiva que sempre tivemos no Brasil foi um modelo elitista, em que só conseguiam espaço para praticar esportes aquelas crianças com grande potencial esportivo, selecionadas precocemente como talentos, ou aqueles em condições de pagarem para terem acesso aos clubes. A maioria dos jovens fica excluída, sem chances de desenvolvimento.
 
Você deve estar pensando: ahh, mas a maioria dos jogadores profissionais de futebol são de origem pobre...
 
Sim, só que o futebol é um caso à parte, devido a popularidade da modalidade no Brasil, com vários projetos sociais, escolas privadas e por geralmente ter várias equipes nos clubes esportivos. Ainda assim, há um grande desperdício de talentos no futebol. No entanto, e os demais esportes? Quantas crianças já tiveram oportunidade de praticar? Esse é o foco desse texto.
 
Iniciativas isoladas interessantes
 
Existem iniciativas de várias confederações e federações estaduais interessantes para promover a iniciação esportiva de crianças nas suas respectivas modalidades. Cito dois abaixo, que vale a pena conhecer:
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Mini-Handebol – Federação Paulista de Handebol (FPHb)
que desenvolveu o projeto, elaborou um manual gratuito e oferece palestras para a capacitação de professores para incentivarem a prática da modalidade nas escolas, além de festivais esportivos, com o foco de atrair novos participantes.
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​Viva Vôlei – Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) que desenvolveu o programa, com adaptações das regras para facilitar a inserção das crianças na modalidade, além de possibilitar várias quadras pequenas e a participação simultânea de até 24 crianças na mesma aula.
No entanto, estas iniciativas acabam sendo isoladas, localizadas em poucas regiões, sem atingir a abrangência nacional. Quantas crianças poderiam participar de programas como estes, se tivessem acesso na sua cidade?
 
Quando analisamos os casos de esportes que não são populares no Brasil, fica evidente que faltam praticantes por desconhecimento e pela falta de incentivos. A vivência em esportes diversificados durante a infância possibilita uma formação mais ampla das crianças, em relação aos aspectos físicos, motores e culturais.
 
Para qual rumo a formação esportiva no Brasil deverá seguir?
 
Basicamente integrar escolas, clubes e universidades, num modelo híbrido, aproveitando os benefícios das entidades educacionais, com o nosso modelo atual de clubes. E qual a diferença entre oferecer esporte em clubes ou nas escolas?
 
Para responder esta questão acima, basta analisarmos outras duas questões mais específicas. Quantos clubes temos em cada cidade? Quantas escolas? Obviamente que são muito mais escolas do que clubes. Isto possibilita que o esporte seja oferecido para as crianças e jovens de uma forma muito mais ampla nas escolas do que apenas nos clubes. Isto é, são dadas oportunidades a todos os estudantes e ainda, a base de praticantes será muito maior do que a base apenas dos clubes. Além disso, as crianças, os professores de educação física e alguma estrutura esportiva já estão disponíveis na própria escola. Este é o início da receita para formar atletas: ampla base de praticantes!
 
A iniciação de diversas modalidades deverá ser feita nas escolas, mas tem que ter as condições básicas. O ideal seria que a escola fosse em período integral, em que meio período estudam dentro de sala as disciplinas tradicionais, almoçam na escola e no outro meio período participam de variadas atividades como aulas de esportes, de música, de artes, oficinas profissionalizantes, até reforço escolar das disciplinas básicas. Como o ideal está longe de acontecer, por ser necessário um investimento muito maior, pelo menos que as práticas esportivas ocorram no contraturno escolar.
 
Eu sei que você deve estar se questionando, mas a maioria das escolas não tem estrutura esportiva, como já mostraram essas pesquisas:
  • Nas cidades da copa, apenas 45% das escolas têm quadras (Folha, 2014);
  • Seis em dez escolas públicas do Brasil não tem quadras para atividade física (Globo, 2016).
 
Por isso deverá haver mais investimento nas escolas e pelo menos saberemos que o dinheiro está sendo bem investido. Não custa lembrar que o Brasil sempre está entre os piores países do mundo no ranking em relação a educação básica. Assim, começaremos a atacar diretamente o problema da baixa qualidade da educação, ao invés de buscarmos soluções que só rodeiam o problema e não resolvem nada.
 
Quais modalidades são possíveis de praticar dentro das escolas, que em geral possuem apenas uma quadra esportiva?
 
Na quadra (8): futsal, vôlei, handebol, basquetebol, tênis, hóquei, badminton, tag-rúgbi;
Sala com tatame (4): judô, luta olímpica, taekwondo e karatê;
Sala simples (3): tênis de mesa, ginástica rítmica e esgrima.
 
15 modalidades olímpicas no total. Além disso, cidades litorâneas poderão incluir as práticas náuticas (remo, vela e canoagem), vôlei de praia, futebol de areia e surfe.
 
Será que não seria interessante oferecer essa gama de esportes nas nossas escolas públicas atuais? Será que não haveria um melhor desenvolvimento das crianças e adolescentes, em relação à disciplina, autoconfiança, concentração, cognição, além dos benefícios óbvios de desenvolvimento físico e motor?
 
Nos vídeos abaixo, produzidos pelo Comitê Olímpico do Brasil para os Jogos Olímpicos Rio 2016, uma demonstração como é possível ensinar várias destas modalidades nas escolas:
Badminton
Esgrima
Hóquei
Luta Olímpica
Rúgbi
Taekwondo
O plano nacional deverá ter ações em conjunto
 
Ações isoladas não costumam oferecer resultados consistentes. Projetos encerrados após um ou dois anos são exemplos de fracasso, de investimentos perdidos, pois os participantes perdem a continuidade da formação esportiva e ficam sem rumo na carreira. Muitas vezes, os projetos são interrompidos por deficiências de gestão, falta de prestação de contas, além do corte de verbas públicas.
 
O esporte brasileiro não pode depender desse modelo de projetos isolados. Necessita de um plano nacional, que estabeleça o “caminho do atleta” (athlete pathway), com o início das práticas esportivas nas escolas, que na sequência os talentos sejam selecionados e bem aproveitados pelos clubes e no fim, que os jovens adultos consigam ainda conciliar a prática esportiva com a formação acadêmica nas universidades. Assim, terão a possibilidade até de participar dos Jogos Olímpicos, como costuma ocorrer nos EUA.
 
Todo esse processo deverá ter uma coordenação central do governo federal e do COB, que supervisionará o trabalho das confederações, que irão supervisionar os trabalhos feitos pelas federações estaduais, que irão supervisionar os trabalhos dos clubes e universidades, que irão supervisionar as atividades das escolas. Assim, todos os envolvidos, cada um com sua missão, numa cadeia de responsabilidades, deverá ter um fluxo melhor de formação esportiva (Figura 1).
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Esta cadeia de responsabilidades também oferecerá maior respaldo de gestão, jurídico, contábil, técnico-científico e metodológico, considerando o mesmo formato de atuação de todos os envolvidos. Também deverá haver metas e planos a serem cumpridos, como número de locais e número de participantes, garantindo a eficiência de todo o programa.
 
Como resultado, haverá melhor gestão dos recursos, até mesmo facilitando a entrada de investimentos privados, devido a abrangência do plano nacional. Outro benefício imediato será uma ampla base de praticantes, sendo monitorados pela mesma equipe técnica, com avaliações físicas, psicológicas, técnicas e táticas padronizadas, facilitando a seleção e promoção dos talentos esportivos.
 
Parece complexo? Realmente é, mas bem amarrado, basta fazer cumprir. Da mesma forma que lojas atuam em rede em todo o Brasil e no exterior, um plano nacional com metas e supervisão direta não é impossível de ser feito. Para se ter uma ideia, atualmente é somente a Secretaria de Esportes do Governo Federal, em Brasília, que supervisiona e fiscaliza todos os projetos que foram aprovados lá. É uma supervisão muito mais distante e complicada de ser realizada, baseada praticamente apenas em documentos. Na forma como proponho, os clubes e federações que não cumprirem com suas responsabilidades, incluindo a transparência na gestão dos recursos, poderão ser excluídos do programa.
 
Qualificação dos recursos humanos será primordial
 
Como trabalhar tantas modalidades diferentes nas escolas? Deverá ter capacitações dos professores de educação física das próprias escolas, que poderão receber um bônus salarial por se envolverem no programa. As federações e universidades serão as responsáveis pelas capacitações.
 
O envolvimento das universidades particulares no programa esportivo poderá trazer benefícios como a redução de impostos. Além disso, a participação em eventos esportivos pode resultar na veiculação gratuita do nome da universidade na mídia. As faculdades também abrirão espaços de estágios, como educação física, fisioterapia, medicina, psicologia, administração, marketing, jornalismo, direito, contabilidade, entre outros.
 
Para os atletas, ter o envolvimento das universidades com programas de bolsas, será a garantia de poder cursar uma faculdade e ainda permanecer praticando a modalidade esportiva. Esta é a melhor solução para quase todas as modalidades esportivas, em que os atletas não recebem dos clubes e não conseguem pagar as faculdades.
 
A maior parte dos jovens praticantes nas escolas e universidades não se tornará esportista profissional, isso é fato. No entanto, o esporte pode possibilitar ascensão social para aqueles mais dedicados. Se não for numa modalidade, poderá ser em outra. Eventualmente aparecerão bolsas estudantis no Brasil e até no exterior. Para quem é de baixa renda e estuda em escolas públicas de baixa qualidade, o esporte é uma das grandes esperanças de melhoria de vida.
 
Quem tem o poder de mudar essa situação?

Os políticos, mas de forma geral não terão o conhecimento para desenvolver. Então, precisa iniciar o movimento com profissionais e pesquisadores da área esportiva incluindo clubes e federações. Para então chegar num plano pronto. Enquanto ficarmos vendo a educação física escolar fraca e ninguém faz nada, ficará assim. Se nas escolas não produzimos atletas e estamos vendo que só os clubes não possuem condições, ficaremos quanto tempo nessa situação indefinida? Até hoje não existe plano nacional de formação esportiva, existe muito individualismo dos clubes e das federações, que não evolui.
 
Johan Cruyff, ex-jogador e treinador holandês de futebol se referiu assim sobre os esportistas:
Na minha opinião, os atletas têm grandes qualidades. Eles são pessoas comprometidas, focadas, que buscam a superação. Com essas características e uma formação acadêmica adequada, eles podem se tornar líderes de sucesso. Quem melhor para servir aos interesses do esporte que alguém que tenha o coração de um atleta?

​Johan Cruyff

A proposta acima é um plano perfeito?
 
Provavelmente não, mas é o que seria possível fazer apenas melhorando a gestão, a organização dos recursos humanos e a infraestrutura que já estão disponíveis nas redes públicas. Seria um novo direcionamento para o modelo de formação de atletas do Brasil, aumentando muito o número de praticantes na base, relativamente com pouco investimento.
 
Discorda da minha proposta? Talvez suas sugestões farão algo ainda melhor. Que tal compartilhar conosco?
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Autor: Luiz Antonio Ramos Filho
Mestre em Gestão do Esporte e Especialista em Futebol (mais sobre o autor)
Fonte: GestaoDesportiva.com.br
*As opiniões e informações publicadas nesse blog são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente os valores do GestaoDesportiva.com.br

Quer ler mais sobre os planos de formação de atletas?
Texto 1 - A educação física escolar e a falta de base do esporte no Brasil
Texto 2 - ​O modelo dos EUA de formação de atletas
​
Texto 3 - Modelo de formação de atletas: Grã Bretanha
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